Descrição
Visits: 375
O GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO comporta três volumes (1.920 páginas), com uma recolha de 1.150 canções tradicionais do Alto Douro Vinhateiro, recolhidas pelo autor (Altino Moreira Cardoso) em quintas com epicentro em Godim e Loureiro, no concelho do Peso da Régua, donde é natural.
Naturalmente, a maior parte dessas canções tem como temática as vindimas, em que participava sazonalmente uma mão-de-obra (homens, mulheres e rapazes das cestas) rogada nos arredores serranos.
A grande quantidade de cantigas da vinha motiva neste website uma amostragem privilegiada, distribuída por quatro grupos.
_______________________________________
EXEMPLOS
Dançar à espanhola (GCAD I, 162) [Recolha e harm Altino M. Cardoso]
olaré tim-tim olaré quem é!
Sei falar à espanhola:
– carago, mira ustê!
olaré tim-tim olaré quem é!
– Vira-te pra mim, ó Rosa!
– Abraça-te a mim, ó Zé!
1981
_________________________
Eu tenho laranjas doces (GCAD I, 215) [Recolha e harm AMC]
Ao canto do meu baú,
Para dar ao meu amor;
Oxalá que sejas tu..
Ai, logo me açanou,
No seu lindo modo a jeito…
Foi você que m’enganou!
E acredita o povo todo…
A laranja foi criada
No quintale do meu sogro.
Tanta silva, tanta amora,
Tanta menina bonita
E eu sem ter nenhuma agora!
Ela ainda há-de vir
E o tempo da mocidade
Para me eu adevertir.
___________________________
Crescendo (GCAD I, 157) [Recolha e harm AMC]
crescendo, crescendo…
dezasseis anos
passados lá vão!… (bis)
e foi então
quando o meu pai me disse:
– Ana Maria,
ajuda o teu irmão!…
1982
___________________
Cuquinho (GCAD I, 158) [Recolha e harm AMC]
cantaba o cuquinho,
cuquinho,
era meia noite cantaba na eira (bis)
Ai, sacode o pó da saia,
ai, sacode o pó da eira,
ai, sacode o meu amore,
que o tens à tua beira!
bem cantar comigo,
comigo,
que és do meu agrado
num digas que não:
anda cá prá minha beira
amor do meu coração!
anda cá prá minha beira
amor do meu coração!
_______________________________
A moleirinha (GCAD I, 304) [Recolha e harm AMC]
ai, a filha da moleirinha! (bis)
tão mal empregados nela,
andar ao pó da farinha! (bis)
ai, eu do sangue não no sou
isto é de andar à farinha
foi o sol que me crestou…
ai, eu não me escandalizei:
trigueirinha é a pimenta
e vai à mesa do rei!
___
VARIANTE: Tão mal empregada é ela / andar ao pó da farinha!
____________________________
Deitei os olhos ao rio (GCAD I, 171) [Recolha e harm AMC]
para ber teu brio,
stabas a labar… (bis)
stás na brincadeira,
stás a namorar… (bis)
_______________________________
Deixa a moça (GCAD I, 172) [Recolha e harm AMC]
que na roda entrou (bis)
deixai-o bailar,
se ainda não bailou. (bis)
e torna a roubar:
rapaz deixa a moça,
vai pró teu lugar!
vai prá tua rua!
rapaz, deixa a moça,
que ela não é tua!
não é tua, não!
rapaz, deixa a moça
do meu coração!
(Constantim, 1950)
_______________________________
Esta calçadinha (GCAD I, 198) [Recolha e harm AMC]
bib’ó meio do lugar! (bis)
Vai ter à Ribeira,
Vai ter ao Reconco,
Vai ter à Feiteira…
É uma loucura …
O amor dos homens
É uma impostura! (bis)
_________________________
Don Solidon (GCAD I, 185) [Recolha e harm AMC]
ai, dom-solidom…
como vai airosa! (bis)
a mão na cabeça,
ai dom-solidom…
não lhe caia a rosa!… (bis)
ai dom-solidom…
como vai contente!
a mão na cabeça,
ai dom-solidom…
não lhe caia o pente!…
ai dom-solidom,
como vai bonita!
a mão na cabeça,
ai, dom-solidom,
não lhe caia a fita!…
________________________________________________________________________________