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ALGUMAS APRECIAÇÕES DAS OBRAS
de Altino Moreira Cardoso
[Ver listagem geral em CONTEXTOS CURRICULARES]
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26-04-2006
Meu caro Dr Altino Cardoso:
Mesmo que o feriado do 25 de Abril não tenha servido para mais nada, Deus me perdoe a heresia política, serviu para acabar o seu livro fabuloso.
Andei todos estes dias pelos caminhos da alma duriense, no que ela tem de mais eterno e delicado – a sua música popular. Em matéria de música, sou o mais absoluto dos analfabetos. Calcule que nas aulas de canto coral dos liceus de Lamego e Vila Real, era proibido de cantar, mesmo nos ensaios do Hino Nacional!
Mas no Grande Cancioneiro do Alto Douro, tive muito que ler. Agradaram-me, especialmente, as notas explicativas ao fundo das páginas. Tanta erudição, tanta clareza e, por vezes, tanta graça! Não gosto de usar termos bombásticos, mas não resisto a classificar de hercúleo o seu trabalho. Espero que ele se divulgue, como merece! Hoje o meu abraço é de amizade e felicitações.
CAMILO DE ARAÚJO CORREIA – sobre o GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO 3 volumes – 1150 cantigas tradicionais – 1.920 páginas
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15-11-2022
Caro Amigo Dr. Altino Cardoso:
Obrigado pelo livro que me enviou há dias.
Vejo que continua a sua cruzada em prol da música duriense e não posso deixar de incentivá-lo a prosseguir o seu trabalho em busca das raízes mais profundas da nossa identidade.
Obrigado – parabéns – e continue!
Abraço
ANTÓNIO MANUEL PIRES CABRAL – presidente do Grémio Literário A M Pires Cabral (Vila Real)
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Porto, 06.03.60
Caríssimo Amigo
Dr. Altino Moreira Cardoso:
Venho agradecer-lhe a gentileza da oferta do seu CANCIONEIRO SALOIO, que hei-de saborear logo que os trabalhos do MUSEU DO DOURO e da organização das COMEMORAÇÕES DOS 25O ANOS DA RDD me deixarem algum tempo livre. Folgo saber que o 2º volume do seu GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO já está no prelos e sinto-me muito honrado com o seu convite para o lançamento dessa obra que, certamente, não deixará de construir mais um precioso contributo para a valorização cultural da terra duriense.
Com os melhores cumprimentos.
GASPAR MARTINS PEREIRA– Professor Catedrático da Universidade do Porto – Presidente do MUSEU DO DOURO
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Prezado Dr. Altino Moreira Cardoso:
Venho agradecer-lhe a gentileza da oferta da sua obra GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO. Embora a montanha de trabalhos em que tenha estado envolvido não me permitisse senão folheá-lo, parece-me ser um excelente contributo para a etnomusicologia duriense. Espero ter o prazer de, muito em breve, logo que a minha vida serene um pouco, saborear o seu livro.
Com os melhores cumprimentos,
GASPAR MARTINS PEREIRA- Professor Catedrático da Universidade do Porto – Presidente do MUSEU DO DOURO
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07-04-2006 Caro Amigo Dr. Altino Cardoso:
Cá recebi o seu I volume do GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO, que muito agradeço, felicitando-o ao mesmo tempo pela publicação. Pede a minha opinião. Devo dizer que sou absolutamente leigo na matéria: não me posso pronunciar do ponto de vista musical.
Mas posso dar testemunho da minha admiração por um trabalho tão vasto (e ainda é só o I volume!), que adivinho fatigante, meticuloso e a exigir paciência de santo, para além do conhecimento em causa, naturalmente. Por outro lado, fico feliz por mais este contributo para o conhecimento e divulgação de um aspecto importante da cultura popular alto-duriense, que assim nunca morrerá de todo. Havia já outros trabalhos sobre o tema, mas com a dimensão deste julgo que nenhum – nem pouco mais ou menos. Por isso, bem haja por esta recolha, aliás enriquecida por breves comentários, mas oportunos, que muito ajudam a contextualizar as situações. (…)
Fico com apetite aguçado para o segundo volume, que espero saia em breve. Até lá, fique com um abraço grato do
A M. PIRES CABRAL- presidente do Grémio Literário A M Pires Cabral (Vila Real)
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08-08-2006 Meu caro Dr. Altino:
Recebi, com todo o agrado, a sua generosa oferta CANCIONEIRO SALOIO e GRANDE CANCIONEIRODO ALTO DOURO, que vão enriquecer o repertório de dois grupos corais de idosos (Centro de Dia do Algueirão-Mem Martins e Centro de Dia da Portela de Sintra – Os Avós) que ainda vou dirigindo.
Já trauteei as cantigas que o integram e seleccionei uma série delas, que vou ensaiar. Peço a Deus que se mantenha o nosso riquíssimo Património de música popular e folclore nacional e que sejam reconhecidos a dedicação e o esforço daqueles que, como o senhor Doutor, tudo fazem para não se esquecer e, muito menos perder, esse Tesouro.
Um fraterno abraço do
DIÁCONO MANUEL VALINHO – Maestro e Compositor
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Grande Cancioneiro do Alto Douro
Ainda não o li mas vou fazê-lo logo que saiba onde o comprar. Contudo, mesmo sem lhe conhecer o conteúdo, louvo quem o fez porque faz falta uma recolha assim. O Alto Douro é, em termos de folclore, uma zona musical de influência e tem sido muito difícil para os que se dedicam (como eu) à etnografia musical, principalmente a ligada à execução instrumental, encontrar alguns elos deligação que nos faltam para acertar algumas teorias. Espero encontrar alguns nesta obra. Assim como espero o II volume. O loureirense Altino Moreira Cardoso está de parabéns.
Francisco Gouveia (in: NOTÍCIAS DO DOURO) Um olhar … sobre a Cultura
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A actividade musical e cultural da semana que passou voltou a ser demonstrativa de que a nossa região é uma fonte inesgotável de recursos culturais. Começaria por fazer referência às duas mais recentes publicações sobre a região.
A primeira, o livro de Francisco Gouveia, Esboços Durienses, onde o escritor nos leva, através de pequenas histórias, até ao Douro tantas vezes esquecido, mas que o autor homenageia de forma sublime.
A segunda, o Grande Cancioneiro do Alto Douro, de Altino Moreira Cardoso, trabalho de recolha onde este Reguense passa para notação musical, uma grande parte do património musical tradicional da nossa região, que no último século, de forma empírica, foi transmitido de geração em geração.
Sem dúvida, um importante acervo que irá facilitar a divulgação da música tradicional.
José António Neves – Professor do Conservatório de Vila Real
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Grande Cancioneiro do Alto Douro – notável recolha de Altino Moreira Cardoso.
Este ilustre filho de Loureiro (freguesia do concelho da Régua), licenciado em Filologia Românica por Coimbra e radicado num dos mais importantes concelhos da área metropolitana de Lisboa, onde lidera muitos domínios da numerosa comunidade transmontana e duriense, já deu provas do seu muito saber científico, através de actos e de obras que o honram e honram a sua Terra, as suas Gentes e até os seus antigos colegas do Seminário de Vila Real. Foi aí que bebeu o néctar que fez dele um Homem e um Intelectual fora do comum. Além da sua formação superior que lhe abriu as portas do ensino, fez também o bacharelato em Direito e frequentou o Curso do Conservatório de Música de Coimbra. Leccionou em Porto de Mós, em Vila Real, na Amadora e em Queluz. Pelo meio e, ininterruptamente, publicou dezenas de livros pedagógicos e outros, para além de ter fundado e dirigido o Jornal Amadora-Sintra e a Tribuna de Queluz, sendo director-adjunto do Jornal de Queluz. Foi co-fundador de várias associações culturais e sócio-profissionais, algumas de prestígio internacional. Descomplexado e com indiscutível vocação para as relações públicas, criou à volta dele um clima de amizade e de companheirismo que fizeram – e ainda fazem e vão continuar a fazer – dele o epicentro de muitas e devotadas atenções. Não tendo nascido na época dos computadores, teve o bom gosto de cedo se embrenhar nos seus insondáveis e imprescindíveis mistérios que marcaram uma viragem na cultura inter-geracional. Os coetâneos da informática brinca com ela e quase “gozam” os avoengos. Aqueles que nasceram em meados do século XX e que não souberam actualizar-se com as auto-estradas da comunicação social, sofrem hoje do trauma insuperável de ouvir dos filhos e dos netos que aprendam porque, se eles sabem muito de cultura geral (história, geografia, filosofia, sociologia e política), faltam-lhes as ferramentas da modernidade, com que (eles) os jovens se divertem. E o tratado de Bolonha preconiza que “cultura geral é hoje o somatório de saberes”. Pois Altino Cardoso, entrando agora na “terceira idade”, continua um jovem, porque até nisso, soube pedalar para manter a juventude que lhe permite brilhar em obras como esta. Primeiro – e sobretudo – porque nasceu vocacionado para a música em que se especializou. Segundo porque soube colocar os conhecimentos informáticos para produzir um volume de 640 páginas, cientificamente perfeito e, graficamente, irrepreensível.
Acaba de sair o I volume em que insere 600 músicas e letras alusivas à vinha e ao vinho. É um livro temático que canta e proclama a música tradicional do Alto Douro, numa espécie de homenagem aos 250 anos do reconhecimento da Região Demarcada do Douro. Daqui a meses aparecerá o II volume, certamente com mais 640 páginas, desta vez recolhendo canções de Natal, Reis, Embalar, Rimances, Tunas e cantigas avulsas.Com estas recolhas procura o Autor “demonstrar marcas irrefutáveis da sua origem galego-portuguesa, difundida de Santiago de Compostela para Lamego durante as peregrinações e movimentos militares dos cruzados na fundação de Portugal por D. Afonso Henriques e revivificada nas vindimas, após a fundação da Região Demarcada do Vinho do Porto”. Como o próprio folclorista refere na apresentação, essa evidência “baseia-se em aspectos do conteúdo e da estilística poética própria dessa lírica trovadoresca: o paralelismo, com “leixa-pren”, alternância vocálica, refrão e adequação à dança”. Segue-se à introdução um “enquadramento histórico-literário”, com um precioso quadro de datas comuns a Santiago e à Fundação de Portugal ,entre 813 e 1355 (desde a Descoberta do Túmulo do Santo até à Morte d e Inês de Castro). Aflora as incidências dos cancioneiros medievais e caracteriza as raízes medievais das cantigas do Alto Douro nas suas quatro vertentes: “A coita de iniciativa feminina, a ruralidade, o animismo e os aspectos formais comuns às cantigas galego-portuguesas e do Alto Douro (o paralelismo métrico, fónico e semântico).
Sublinha num IV tema “a cantiga tradicional como valor cultural e poético”, não deixa de reflectir “o desaparecimento das músicas” e, finalmente, antes de transpor para as 600 páginas, outras tantas canções, com música e letra, ainda aflora as “tentativas de recuperação da “Arca Perdida”. Como mandam as regras metodológicas de uma recolha científica, explica, a terminar, “as fontes deste trabalho”, presta a sentida homenagem ao seu (e nosso) grande Prof. Ângelo Minhava, cita as colectâneas consultadas e a Bibliografia geral que permite ajuizar do insano trabalho desta gigantesca tarefa. A capa é de M. Rafaela Cardoso e pode ser pedido através do endereço: amadora-sintra@sapo.pt, tel. 219208188.
BARROSO DA FONTE (in: Notícias do Douro+Voz de Trás-os-Montes)
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EIXO ATLÂNTICO Gostaríamos pelo presente de o felicitar pela obra muito interessante. No entanto o Eixo Atlântico tem por regra fazer acções de lançamento somente das obras que o Eixo Atlântico edita dado o número que o Eixo Atlântico abarca em toda a euro-região e o Eixo Atlântico edita obras da totalidade do território e não só de uma parte. Permita-nos sugerir um contacto com a CCDR-n, uma vez que fazem parte da Comunidade de Trabalho e poderão conjuntamente com a Xunta de Galicia dar o apoio solicitado. Com os meus melhores cumprimentos,
O Secretário geral
Xoán Vázquez Mao
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Meu caro Dr Altino:
Parabéns por este excelente e maravilhoso trabalho, pelas centenas de cantiguinhas que eu gostei de recordar, pois tive a impressão de que todas elas me eram já familiares. Na verdade, o nosso povo é um artista. O GRANDECANCIONEIRO DO ALTO DOURO é desde já uma referência, pois nele revela o seu autor um saber e uma competência seguros, erudição invulgar e uma capacidade de trabalho impressionante e generosa. É preciso ter no coração o fogo dum ‘mar de mosto’ para enfrentar uma recolha destas. Parabéns. Ânimo e não lhe doam as mãos, ao empreender novos projectos.
Monsenhor Salvador Parente Ribeiro– investigador da Linguística e do Folclore Trasmontano, com livros publicados pela Câmara de Vila Real.
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CANCIONEIRO SALOIO + GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO de Altino Moreira Cardoso É um verdadeiro fenómeno, este meu amigo Altino Moreira Cardoso! Conheço-o desde os seus tempos de menino e moço: Nasceu para a Arte Musical e para as Letras. Estão-lhe na massa do sangue, nos genes e cromossomos: não há que lhe fazer! Onde ele estiver, está a tríade ontológica ou universal: “Verdade, Beleza, Bondade”. Mas a “dama dos seus encantos” é, sem dúvida, a do meio, à qual ele presta culto idolátrico! Testemunhas do que afirmo são os frutos desse grande amor: CANCIONEIRO SALOIO, GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO e outras publicações mais ou menos recentes (CANÇÕES PARA TODAS AS ESCOLAS, MÚSICAS PARA A MENSAGEM DE FERNANDO PESSOA).
Fecundo e facundo, este Altino, digno do seu próprio nome:
Estes dois grandes livros (170 músicas e letras mais 600, sem tirar nem pôr) são pábulo precioso para quem se quiser nutrir e deleitar, espiritualmente falando: Anda ali a alma do nosso Povo Português. Ali devem mergulhar os compositores e quantos queiram conhecer as raízes temáticas, genuínas, da inspiração musical e poética da nossa gente. Mas o Dr. Altino vai mais longe: indaga e analisa as origens históricas e étnicas dos nossos cantares…Não é necessário alongar-me nesta ‘nota’. Tenho comigo cantigas e cancioneiros de todas as nações da Europa, e não só da Europa… Uma coisa posso afirmar: estes livros do Dr. Altino não empalidecem perante os editados pela UNESCO, onde tantas vezes comparo as ressonâncias e as loquelas do que vai da Galiza, aqui vizinha, até às estepes da Rússia, lá tão longe, mas tão irmãs na sensibilidade romântica: a alma de Rosalía de Castro em consonância com a “Rúskaia duchá” ou “alma russa”. Parabéns ao Autor por nos ajudar a conhecer melhor a Alma de Portugal!
Padre Minhava – Monsenhor, compositor, maestro, investigador e musicólogo prestigiado
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Caro Altino Cardoso
Agradeço-lhe o envio do seu livro, sobre o qual brevemente escreverei um artigo de fundo no Notícias do Douro. (…)
O seu livro dá-me pistas importantíssimas relativamente a influências musicais que chegaram ao Douro e aqui foram ‘reinventadas’, tentando eu estabelecer o papel dos tocadores nesta reinvenção. Da conjugação de muitos factores, nomeadamente o estudo das matrizes que eram adoptadas por esses tocadores, chega-se (com algum trabalho e muita sorte) a conclusões extraordinárias. Do melhor que sai dessas conclusões se vai organizando o ‘puzzle’ da música instrumental portuguesa popular, muitas das vezes tida como básica, mas que não o é. É complexa e, por vezes, genial, e o facto de (entre outras causas) a maioria das vezes, as decisões e chefias de muitas associações (nomeadamente ranchos e tunas) estarem nas mãos de pessoas de abertura cultural muito dúbia (falo-lhe de abertura e não de cultura musical, porque isso é outra história),motivou que muitos grandes instrumentistas populares fossem relegados para o papel de ‘”demónios solitários”, sendo segregados dos grupos que, afinal, lhes andavam a léguas. Como vê, a história é sempre igual e, quer seja na genialidade de uma 5ª Sinfonia, quer seja na aparente simplicidade de um ‘vira’, quem anda à frente arrisca-se a ser rasteirado pelos que não têm pernas para os acompanhar. Nem imagina o fascínio que tem sido conhecer o que fizeram esses tocadores, apesar do trabalho que tenho tido, dado não existir nada escrito e, ao contrário das cantigas, nem sequer a tradição oral me servir. (…) Com a minha admiração e cordiais cumprimentos
Francisco Gouveia – Engenheiro, musicólogo e escritor
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Apresentação do Livro “Grande Cancioneiro do Alto Douro” Feira do Livro em S. João da Pesqueira
O Município de S. João da Pesqueira levou a cabo, uma vez mais a edição da Feira do Livro, como de há algum tempo a esta parte, tem vindo a ser um hábito que se renova, ano-após-ano, e se mostra melhorado. Na sessão inaugural da Feira, o autor Altino Moreira Cardoso, deu a conhecer o I volume do seu livro intitulado Grande Cancioneiro do Alto Douro, onde é possível encontrar 600 canções que versam temáticas ligadas à vinha. Esta foi a forma que o autor encontrou para estabelecer e demonstrar “em muitas cantigas do Alto Douro, marcas irrefutáveis da sua origem galego-portuguesa difundida de Santiago de Compostela para Lamego durante as peregrinações e movimentos militares dos cruzados na fundação de Portugal por D. Afonso Henriques e revivificada nas vindimas, após a fundação da “Região Demarcada do Vinho do Porto”, como refere na apresentação do seu livro. Tal demonstração – diz o autor – baseia-se em aspectos do conteúdo (a coita de iniciativa feminina, o animismo, a ruralidade, com seus bailes, fontes, rios e romarias…) e da estilística poética própria dessa lírica trovadoresca: o paralelismo, com leixa-pren, alternância vocálica, refrão, adequação à dança, etc. Na tese inicial são, ainda, estudados outros aspectos: os musicais, que tentam explicar o desaparecimento das musicas medievais e os poéticos que exploram os poemas como textos literários autónomos, com simbologia própria, etc. Sabe-se ainda que o II Volume, a publicar em Dezembro próximo, reunirá canções de Natal, Reis, Embalar, Rimances, Tunas e Cantigas avulsas.(…) Quanto ao livro lançamento do livro “Grande Cancioneiro do Alto Douro”, apresentado no “coração” da Região Demarcada do Douro, onde a Pesqueira se destaca pela sua produção vitivinícola e pela deslumbrante paisagem que oferece, reveste-se de duplo significado: por um lado, porque é uma homenagem ao Douro e, por outro lado, porque é uma oportunidade de os cidadãos durienses poderem adquirir uma colectânea de 600 músicas que eram cantadas nas actividades/labuta vitivinícolas. Assim sendo, o livro é visto por Lima Costa como “um documento cultural de muita importância (…)” que explana “a identidade que as pessoas, fruto da massificação e da globalização, vão perdendo”. A recolha deste Cancioneiro é, assim, uma obra que “espelha” o Douro, que lhe dá voz, que confere vida a uma identidade que se ia diluindo no tempo, mas que (agora) foi “agrupada” em 640 páginas e onde todos os durienses podem “re(a)ver” um pouco do seu passado.
Tiago Silva – jornalista
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Um grande … Cancioneiro!!!
Aqui há uns anos atrás, ficava de boca aberta e com uma pitada de inveja perante o desembaraço e a facilidade demonstrados por um aluno que tive quando o via escrever, ler e interpretar pautas musicais como quem bebe um copo de água. Aluno brilhante do ponto de vista académico – tanto no Secundário como depois na Universidade – possui um daqueles raros dons para a música que aliado a uma dedicação e gosto levados ao extremo fazem dele um brilhante compositor e executante. Este intróito para dizer que na semana passada me chegou às mãos um volumoso livro intitulado “Grande Cancioneiro do Alto Douro” da autoria do Dr. Altino Cardoso. Interessado como sou por estas coisas da Cultura Popular, principalmente pelas dimensões da Etnografia e do Folclore, fiquei logo com o apetite aguçado para mirar e remirar, de fio a pavio, tão interessante titulo e não descansei enquanto o não fiz. O enquadramento histórico-literário inicial só podia ter sido feito por alguém com profundos e sólidos conhecimentos na matéria. Pelo breve esboço biográfico que li do autor deu para perceber que estamos perante alguém que é portador não só de uma vasta cultura filológica mas também de grandes conhecimentos musicais aliados à dimensão da investigação e recolha etno-musical. O resultado de tudo isto só podia ter sido uma obra tão arrojada e completa como a que estou a referir. Só alguém com grande respeito pelo que é nosso; com a responsabilidade sentida pela preservação da nossa identidade local e regional, poderia conceber e levar a cabo tal mister. Estas minhas considerações podem soar a oco para algumas pessoas ou poderá pensar-se que estou aqui afazer algum tipo de publicidade ou a querer tecer loas a alguém. Embora viva na Régua há 23 anos, não conheço pessoalmente o Dr. Altino Cardoso…Não posso é deixar de realçar e enaltecer a coragem e o trabalho de alguém em prol da sua terra e da sua região legando para gerações vindouras e salvando da voragem do tempo um conjunto de 600 cantigas (da vinha) das nossas gentes que de outra forma correriam o risco mortal de ficar no esquecimento. Elas aí estão. Pautas de música e enquadramentos explicativos. Eu próprio já revivi algumas com a saudade de as ter ouvido cantar na minha aldeia durante a minha infância, isto apesar de eu não ser do Douro mas da terra quente transmontana. Mas, como dizia Monsenhor Minhava, de quem o autor parece ter sido discípulo, as cantigas são como as andorinhas: vão e voltam ao mesmo sítio. O Alto Douro precisava de uma recolha desta envergadura. Depreendi que virá aí um segundo volume. Cá o esperamos com muito interesse. Faço sinceros votos para que esta obra não passe despercebida aos nossos responsáveis culturais, principalmente aos locais e regionais, e que a mesma seja apoiada, divulgada e valorizada pelo alto valor cultural que representa.
Para quando o lançamento da mesma cá na Régua? Caro autor: persista no seu trabalho de recolha e divulgação. Creia que todos lhe agradecemos e cá esperamos o 2º Volume. Obrigado.
Luís Vilares Dias – professor da Escola Secundária do Rodo (Régua) e investigador
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A ARTE DOS CORDOFONES POPULARES PORTUGUESES (…) Não se pode tratar a música popular portuguesa como uma coisa menor. A música popular portuguesa, no patamar onde a colocamos, tem de ser ouvida ao nível de um concerto de câmara, de um recital de violino ou de piano. Quem nos vai ouvir tem de ir preparado para um recital com o formato clássico. Por isso recusamos tocar ao livre, ou em espaços que não cumpram com estas garantias. Não é um recital de música clássica, é certo, mas também não é um espectáculo de música ligeira. É também uma questão de respeito. Somos muito exigentes quanto a isso. Respeito por anos de trabalho, pela herança musical que recebemos, respeito pela cultura popular, a raiz de toda a forma de cultura. Mas não se trata de um recital soturno. Longe disso. É alegre, vibrante, de adesão imediata. Mas não abdicamos do formato de recital. E depois, tocamos sem rede, isto é, sem efeitos especiais, sem as muletas da electrónica, sem nada. O que se ouve é o som puro dos instrumentos e aquilo que o tocador sabe. Sem truques na manga.(…)ND: Contam com alguns apoios oficiais? FG: Nenhuns. Não estamos à espera deles nem sequer os pedimos. Somos contra esta moda da pedinchice. As entidades oficias, se de facto querem proteger o que é genuinamente português, têm de vir ter connosco. Não vamos ter com ninguém. Em Portugal criou-se o hábito desta aviltante mendicidade cultural. Quem manda no sector deve andar atento e tomar a iniciativa de o proteger. Por exemplo: o ministério da cultura já devia saber quem anda por cá há anos a defender o que é português. Não o sabe porque não se interessa. O entendimento do Ministério não ultrapassa a lógica dos subsídios, a protecção das barulhentas elites culturais da capital, dos amigos do partido, etc., etc. O ministério é capaz de gastar rios de dinheiro em pseudo-vanguardismos sem pés nem cabeça, é capaz de subsidiar projectos que deviam estar no campo do mercado comercial, e não dá um tostão furado para preservar a nossa cultura tradicional. Os nossos verdadeiros investigadores andam a produzir obra à sua custa. Há nisto tudo uma enorme promiscuidade, uma espécie de proxenetismo de Estado que deixa o que tem valia e interesse nacional a cargo dos bolsos dos carolas, enquanto alimenta a voragem de uns quantos que não têm qualquer qualidade, nem trabalho demonstrado, nem sabedoria, mas têm uma lábia capaz de convencer um indiano a comer um bife de vaca! Eu não peço nada a ninguém! Não tenho jeito nenhum para pedir e muito menos para andar a bater à portado Poder com o chapéu na mão! A obrigação do Estado é reconhecer quem trabalha e vir ter com as pessoas. Não é estar sentado nos gabinetes a estudar as propostas de subsídio de quem anda sempre a par dos dinheiros públicos disponíveis. Isso é desvirtuar o sistema, inverter a ordem dos factores. O Estado tem que estar atento, avançar e não esperar que venham ter com ele. (…)ND: Sabia que havia de tocar no assunto do Douro. Pergunto-lhe: há uma cultura popular duriense evidente? Isto é: há uma cultura popular genuinamente duriense? FG: Se me pergunta se há uma definição folclórica, ou até etnográfica, como a que existe no Minho ou no Alentejo, por exemplo, digo-lhe que acho que não. No Douro a música popular é de influência. O Douro está encaixado entre Trás-os-Montes, onde a cultural musical é arcaica, rude, demasiado frágil para se expandir. Dali não veio grande influência. Donde veio, ou melhor, donde vieram as grandes influências do Douro, foram de três lados: Galiza, Minho (via Amarante) e Porto (via fluvial). Nesta mescla assenta a música tradicional duriense. Sobre o assunto aconselho a leitura do 1º volume do Grande Cancioneiro do Alto Douro, recentemente editado, da autoria de Altino Moreira Cardoso. Olhe: é mais um exemplo de uma obra que devia ser subsidiada e não o foi. É uma recolha notável, indispensável para quem se meta a estudar a música duriense. (…) Entrevista no ‘Notícias do Douro’ (extracto)
FRANCISCO GOUVEIA: A ARTE DOS CORDOFONES POPULARES PORTUGUESES (Entrev o jornal Notícias do Douro)
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Meu caro Amigo, Dr Altino Cardoso
Apesar de já ter emitido a minha opinião algumas vezes, durante a apresentação do seu GRANDECANCIONEIRO DO ALTO DOURO em São João da Pesqueira, em Vila Real e na Régua, não quero deixar de a registar nesta mensagem de felicitações. Como duriense e universitário sinto-me feliz por haver pessoas que dedicam a sua vida a estudar e recolheras jóias populares que a tradição nos deixou em herança. Este trabalho é árduo, exige muita persistência, saber e competência, nomeadamente na escrita musical. Falo com conhecimento de causa, pois a UTAD está também empenhada em estudos regionalistas e tem, por exemplo, acedido a recolhas na Terra Quente, onde as segadas constituíam ponto de encontro entre trabalhadores portugueses e espanhóis, dando origem à divulgação dos rimances ou ‘cantigas das segadas’ que, durante séculos, fizeram (e fazem…) o encanto dos serões à lareira.
Professor Doutor Levi Leonido – UTAD
(*)GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO reúne 600 (+550 vol II) canções populares do Douro
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Um dos mais importantes trabalhos de investigação e recolha de canções populares do Alto Douro, alguma vez realizado no nosso país, que reúne cerca de 600 cantigas, foi condensado no primeiro volume do livro Grande Cancioneiro do Alto Douro. Esta obra, da autoria de Altino Moreira Cardoso, foi apresentada no Salão Nobre da Câmara de Lamego, em Junho último. Ao longo de vários anos, Altino Moreira Cardoso procurou compilar o melhor da tradição popular, reunindo as cantigas de amigo, de amor, de escárnio e de maldizer que encontrou e que possuem valor documental.–“Esta obra regista a heroicidade do Homem do Douro. Temos a obrigação moral e intelectual de perpetuaras cantigas populares durienses”, defende. E recorda, com saudade, os tempos em que, na sua infância, as músicas populares acompanhavam sempre o trabalho rural, meio no qual cresceu e que lhe serviu de inspiração para elaborar esta “obra de amor”. As diversas personalidades presentes na cerimónia de apresentação pública do “Grande Cancioneiro do Alto Douro” elogiaram o seu trabalho, sublinhando a rigorosa investigação levada a efeito que vai permitir a preservação da memória e da identidade do Douro.–“Este livro é uma referência importante para todos aqueles que se interessam pelo folclore e pelas nossas tradições que urge preservar”, afirmou Francisco Lopes, Presidente da Câmara Municipal. Fernando Amaral, antigo Presidente da Assembleia da República e cidadão honorário do Município de Lamego, elogiou o vasto conteúdo da obra, e sublinhou a necessidade de reter a memória do Douro para reforçar a sua identidade cultural: “Um povo sem História é um povo amnésico e sem identidade. Este livro expressa o sentimento autêntico das gentes que aqui vivem”. Para além da apresentação das letras de cerca de 600 canções populares, o primeiro volume do “Grande Cancioneiro do Alto Douro” também divulga a respectiva música. Entretanto, Altino Moreira Cardoso já se encontra a preparar o segundo volume com o qual terminará a sua investigação.
Site ESPIGUEIRO Site: riid/espigueiro.pt – 03-07-2006
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Caro Senhor Dr. Altino Cardoso… aproveito para o elogiar pelos trabalhos desenvolvidos (CANCIONEIRO SALOIO e GRANDECANCIONEIRO DO ALTO DOURO), que são de categórica relevância para o estudo das tradições musicais.
Maestro José Herminio Machado (Braga, 4-9-2006)
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Meu caro Altino:
Venho felicitá-lo pela Obra maravilhosa que acaba de elaborar. Obras destas fazem falta a um país de falsos elitismos, que esquece a importância da música popular entre os grandes compositores, que tantas vezes se inspiraram no povo. Achei interessantíssima a sua abordagem das circunstâncias do desaparecimento da escrita da música medieval, bem como da evolução da própria escrita musical, que exemplifica optimamente numa cantiga de Martim Codax.. A escrita musical desapareceu… precisamente por ser difícil e não haver quem soubesse escrever música. Mais uma razão para admirar e apreciar o seu enorme trabalho de recolha, escrita e divulgação. É ainda admirável a sua análise relativa aos textos poéticos, estendendo-os ao longo da nossa História milenar até à fonte de Santiago de Compostela e dando-nos interessantíssimos exemplos da simbologia presente em muitas cantigas.
Maestro Professor Tobias Cardoso – Maestro da Tuna Académica de Coimbra – Maestro do Ensemble de Plectro Carlos Seixas – Professor do Conservatório
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Meu caro Dr. Altino M. Cardoso:
Não posso deixar de lhe comunicar que fiquei muito impressionado com o trabalho de investigação etno-musical, escrita e interpretação cultural presente não só no CANCIONEIRO SALOIO, mas também no mais recente GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO.A sua metodologia é muito apreciável, até pedagogicamente, pois estuda as situações sócio-históricas e nelas situa o fenómeno poético-musical de forma profunda e, ao mesmo tempo, aberta e acessível. A escrita musical é óptima, reveladora, ainda, de profundos conhecimentos de informática. Também apreciei muito a sua abordagem da poética das letras das cantigas, com a sua simbologia e mitos, que pedem continuação e aprofundamento. A sua Obra, para além de documentar uma forma de Cultura em vias de desaparecimento, tem ainda o mérito de fomentar o desejo de estudar o nosso passado, de uma forma abrangente e moderna, isto é, as letras e as músicas no seu enquadramento social, histórico e, ainda, literário.
Professor e Maestro Trindade Domingues – LISBOA
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Meu caro Dr. Altino Cardoso
A cultura de um povo é um bem inestimável. Manter e preservar essa cultura, é hoje um acto de coragem, num mundo globalizado. A recolha, tratamento e divulgação de obras musicais perdidas no tempo, é também um acto altruísta e corajoso, e o Dr. Altino Cardoso é um homem da cultura, persistente, voluntarioso e exigente, que já nos presenteou com duas obras notáveis, o CANCIONEIRO SALOIO e, agora, os dois grossos volumes do GRANDECANCIONEIRO DO ALTO DOURO. Estas obras faziam falta para o integral conhecimento, divulgação e enriquecimento da “Música Popular”. Estou certo que as gerações vindouras muito apreciarão e irão “beber” a este trabalho as suas raízes culturais. Bem haja, Dr. Altino Cardoso, pela obra que agora nos dá à estampa.
Maestro Dr. Tristão Nogueira – Coordenador no INATEL (Lisboa)
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Testemunho
Foi num aniversário da nossa Associação dos Antigos Tunos da Universidade de Coimbra que o meu velho amigo Dr. Altino Moreira Cardoso me ofereceu um exemplar do seu CANCIONEIRO SALOIO, editado em Junho de2005.
Nunca imaginara que o Altino, meu descontraído companheiro de tantos anos da Tuna, onde envergámos juntos as nossas reluzentes camisas de cetim cinzento na ‘famosa’ Orquestra de Tangos, pudesse ser, igualmente, um apaixonado investigador do folclore português. Prometi uma leitura cuidada e um telefonema a transmitir a opinião geral sobre a Obra. Entusiasmei-me logo com aquele “Preâmbulo”, tão recheado de informações históricas e técnicas, porque também sou apologista da necessidade de fornecer aos leitores o máximo de dados culturais, que foram negados à imensa maioria das nossas gentes. Gostei, muito especialmente, dos comentários – sucintos ou mais extensos – com que acompanhou a documentação musical e tive a satisfação de nesta encontrar muitas melodias conhecidas ou diversificadas. Ao manifestar o meu apreço pelo trabalho publicado, incentivei o Amigo a continuar o notável trabalho, lembrando-lhe que “a messe é grande, mas os trabalhadores são poucos”(Mt.9,37). Passados uns breves meses, o correio trouxe-me o primeiro volume do anunciado GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO – Cantigas da Vinha, em que a amplidão do material apresentado pelo Altino rivaliza com o desenvolvimento dado à parte literária de apoio: estamos perante a lição do Professor de História da Literatura, indubitavelmente apropriada e benvinda. Sintetizando uma humilde apreciação-depoimento das suas Obras, apraz-me registar:
a) a boa ordenação do copioso material recolhido;
b) a cuidada e extensa referência às fontes escolhidas;
c) a enumeração e explicação dos símbolos e referências mitológicas em que a música popular é fértil;
d) a minuciosa organização dos índices;
e) a introdução de adequadas e interessantes ilustrações;
f) a excelente apresentação gráfica, que o ínfimo número das habituais e arreliadoras ‘gralhas’ não consegue ofuscar. Estou certo de que pedir ao meu Amigo Altino para continuar esta meritória tarefa não o contrariará e viremos a ter novos produtos das suas investigações. Bem haja, pelo seu empenho!
P.S. – É um testemunho sobre os seus livros, que, embora sucinto e genérico, expressa o entusiasmo que eles me despertaram.
Maestro Professor João Francisco Rodrigues
– Maestro da Antiga Tuna Académica de Coimbra – Professor do Conservatório – Professor da Escola Diocesana de Música Sacra – Violinista no Grupo Folclórico da Casa do Pessoal da Universidade de Coimbra – Colaborador do jornal FOLCLORE.
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O Dr. Altino Cardoso está, em meu entender, numa fase da vida onde pode mais proficuamente aliar o trabalho ao prazer. A sua bagagem intelectual e o seu carácter reconhecidamente humanista fará desta etapa da sua vida, porventura a mais produtiva e importante para o seu País em geral e, em particular, para sua Região natal. O legado que nos deixa em cada trabalho que afincadamente apresenta e, sem sombra de dúvida, com a qualidade de um exímio instrumentista, o resultado que trará mais uma obra sua, será mais um virar de página de tudo oque este ser humano apaixonado perdidamente pela vida e pela música, nos poderá progressivamente oferendar.
Em termos técnicos esta obra define um trajecto exemplar e cristalino do que pode constituir mais um tributo fantástico para a não proliferação do mau gosto musical e, principalmente, para a preservação e respeito pelo que há de bom na tradição musical portuguesa, a qual de tão rica e, ao mesmo tempo, tibiamente estudada, definha a cada momento que passa. Este episódio cultural e afectivo, o qual se traduz na publicação incessante de obras deste autor, acredito piamente poder despoletar um novo ciclo de interesse por parte de todas as gerações na preservação daquilo que fomos e, por consequência directa, o que somos e seremos num futuro baralhado de indefinições gigantescas no domínio estético e cultural. Poder-se-ia sugerir um outro título para esta obra do Dr. Altino Cardoso, a par do que refere um dos mais influentes pedagogos musicais de sempre, de nome Sinichi Susuki: “Musica é Amor”. Seria por certo um excelente título para traduzir tudo o que esta obra contém e o afecto que carregam estas notas e estas palavras, estas proficuamente delineadas linhas melódicas e estas adoradas construções harmónicas. O povo fez tudo, dirá o seu autor. Não concordo. O povo fez a sua parte e o autor desta obra executa de forma soberba o que pode ser o complemento essencial à sobrevivênciade uma identidade musical regional e nacional, que é ao final de contas o acto de trazer ao suporte papel o que tantas vozes de homens e mulheres de trabalho foram ao longo de gerações, não o deixando morrer. Poder-se-ia chamar “Le chant du pain” como lhe chamou Anne Caufriez. Mas não. O seu a seu dono. Precisamos de dizer bem alto que esta música é nossa ou que nos é familiar, ou ainda que nos é querida. Talvez este seja o maior tributo que aqui se poderá potenciar, ou seja, em verdade fidelizar temas musicais propagados por todo país à cultura Alto-Duriense.
Gostava de um dia ver o nome do Autor desta Obra a figurar nos manuais de Etnomusicologia e Estudos Musicais, como deles fazem parte nomes como Michel Giacometti, Ernesto Veiga de Oliveira, Armando Leça, Artur Santos, Fernando Lopes Graça, Virgílio Pereira, Serrano Batista, Rebelo Bonito, Margot Dias, Jorge Dias, Kurt Schindler, Rodney Gallop, entre muitos outros que, deliberadamente e de forma infinitamente tocante, dedicaram as suas vidas a salvar o nosso património etnográfico e musical, tal como Altino Cardoso o fez nos últimos trinta anos da sua grandiosa existência como artista refinado e como ser humano carregado de generosidade. OBS – Este pequeno texto pretende caracterizar a sua obra e a sua pessoa. Porque – muitas vezes e neste caso em concreto- o ser humano transcende largamente a obra. Bem-haja. Com todo respeito e consideração,
Professor Doutor Levi Leonido – *Professor da área de Estudos Musicais da UTAD – *Professor Convidado de Etnomusicologia nas Universidades de Salamanca e Santiago de Compostela.
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“GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO ”Este livro, de 640 páginas, englobando um estudo notável das origens das cantigas durienses, emoldurado por 600 músicas devidamente transcritas (musical e poeticamente), transcende em muito a simples recolha etnográfica patente em muitas obras congéneres por esse país fora. E também é obra que está para além do simples gesto de amor à terra-mãe, às suas raízes e tradições. Este Cancioneiro é um acto de profunda paixão. Sem este sentimento não seria possível ao seu autor, Altino Moreira Cardoso, levar a cabo esta tarefa quase hercúlea, devoradora de horas e horas de trabalho. E é um livro fundamental, porquê? Há muito que se tem da etnografia musical do Douro, uma ideia simplista e muito primária, sendo comum ouvir-se de especialistas, que a região duriense é muito pobre musicalmente e sem um enquadramento de originais que apossam demarcar de qualquer outra. Por exemplo: a música folclórica minhota, a alentejana, a algarvia, a açoriana, etc, possuem uma matriz muito vincada facilmente reconhecida aos primeiros acordes. No Douro pensava-se que tal não acontecia. Mas não é verdade, e este livro vem demonstrá-lo. Sem enjeitar a hipótese de se tratar de uma zona de influência e, como tal, muito sujeita à pressão de várias formas musicais, a verdade é que, no Douro, as influências eram inevitáveis. Primeiro porque as migrações anuais para as quintas, por alturas das vindimas, aportavam à região gente de vários pontos do país, segundo, porque foi aqui, mais do que em qualquer outro lugar, que a influência galega se fez notar. A terra era rica e propiciava nessa altura um rendimento salarial significativo aos trabalhadores rurais que nos demandavam. Aceita-se também sem reticências, que não há folclore puro, isento de “achegas”. Mas acontece que aqui, no Douro, essa influência foi, talvez, mais expressiva do que noutras regiões. Contudo, um fenómeno muito peculiar havia de se processar no talento das gentes durienses, fenómeno que só é possível quando existe uma propensão natural já vocacionada para a música: a selecção do bom do menos bom. Isto porque na música folclórica, não há boa ou má música, há música simplesmente. De facto, no Douro processou-se essa selecção e, das imensas toadas, modas, cantigas, etc, o duriense soube sempre aproveitar o melhor acrescentando-lhe o seu cunho pessoal. Mas, porque se pode quase que garantir que as influências chegavam de todos os cantos do país, o repertório adoptado é rico. De tal maneira rico que Altino Moreira Cardoso consegue reunir neste livro 600 cantigas e, segundo sei, está por aí um segundo volume complementar. E o livro é suficientemente completo para nos explicar as origens da música duriense, desde as suas raízes medievais, passando pela galega, pela assimilação de árias mais elitistas ou nobres, até à actualidade, numa tentativa de recuperação do que de mais genuíno tem a nossa tradição musical. Ao ler este livro – coisa que me deu água pelas barbas dada a sua extensão – e porque a minha qualidade de etnólogo instrumental amador me exigia uma atenção mais cautelosa, tive a certeza de que ainda há obras nesta terra que não nos fazem desistir. O livro é notável, da mesma forma que é quase uma aventura dantesca editá-lo numa edição de autor.
Editar uma obra desta envergadura sem apoios é o mesmo que abrir um talho de carne de vaca na Índia! E eu pasmo! No ano das Comemorações dos 250 aos da Região Demarcada do Douro, nenhum dos promotores do evento se apercebeu que, cá pelo Douro, há coisas de importância extrema que devem ser apoiadas, e muito mais importantes que as obras formais que nestas alturas se editam com subsídio integral e que, no fim, nem aquentam nem arrefentam ao panorama cultural da região.
Esta obra não é obra de momento, temporã, pelo contrário, é algo com o selo da eternidade, elemento essencial de consulta para estudiosos ou simples curiosos. Hoje e amanhã. Indispensável em todas as Bibliotecas da região, em todas as escolas e, passe o exagero, em todas as casas dos que se interessam pela sua terra. Espera-se agora o 2º volume, fazendo-se votos para que as entidades oficiais atentem na importância de obras como esta e que lhe prestem o devido apoio.
Ao Altino Moreira Cardoso, os meus votos para que a mesma paixão que o fez dar à luz esta preciosidade, o guie nos futuros trabalhos que aguardamos ansiosamente.
Francisco Gouveia Engenheiro Civil – Musicólogo – Escritor – Concertista
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Meu caro Dr. Altino Cardoso:
(…) causou-me algum sentido de culpa e ao mesmo tempo mágoa não poder ter estado no lançamento de mais umdos seus fabulosos trabalhos. (…)Aproveito para o informar que tenho divulgado a sua recolha junto de alguns grupos de música tradicional.
Dr José António Neves (Maestro – Instrumentista – Professor – Investigador – Dir. do Conserv. de Vila Real)
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Caro Dr. AltinoCardoso,
Respondo ao seu contacto escrito por carta com este correio electrónico, mais rápido, a propósito da intenção de lançamento da sua obra Grande Cancioneiro do Alto Douro, que teve a amabilidade de me oferecer quando nos encontrámos e conhecemos em Tabuaço.
Aproveito para lhe dizer que já encontrei informações preciosas para a minha própria investigação, em alguns exemplos que traz no seu Cancioneiro, sobretudo o segundo volume, um exemplo que confirma a importância desta recolha.(…)
Joaquim Pais de Brito (Director do Museu Nacional de Etnografia – Professor Universitário – Investigador)
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Sr. Dr. Altino Cardoso:
Estive presente na apresentação da obra GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO [em Lamego] e gostei muito da forma como foi abordada a apresentação. É, sem dúvida, um trabalho meritório, que deve ser continuado e apoiado por todos os agentes culturais do nosso Douro. Continuação de bom trabalho.
Víctor Rebelo (Director da Biblioteca Municipal de Lamego)
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O GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO, do Dr. Altino M Cardoso é a “Bíblia Cultural do Alto Douro”
Dr Manuel Silva Marques – Médico, Escritor, Fundador e Presidente do CICDAD (Círculo de Cultura e Desenvolvimento do Alto Douro)
MUITO OBRIGADO!
Sintra, 30 de Outubro de 2022
Altino Moreira Cardoso