GCAD_Cantigas da VINHA C

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O GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO comporta três volumes (1.920 páginas), com uma recolha de 1.150 canções tradicionais do Alto Douro Vinhateiro, recolhidas pelo autor (Altino Moreira Cardoso) em quintas com epicentro em Godim e Loureiro, no concelho do Peso da Régua, donde é natural.

Naturalmente, a maior parte dessas canções tem como temática as vindimas, em que participava sazonalmente uma mão-de-obra (homens, mulheres e rapazes das cestas) rogada nos arredores serranos.

A grande quantidade de cantigas da vinha motiva neste website uma amostragem privilegiada, distribuída por quatro grupos.

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EXEMPLOS

Dançar à espanhola (GCAD I, 162) [Recolha e harm Altino M. Cardoso]

Tim-tim olaré tim-tim
olaré tim-tim olaré quem é!
Sei falar à espanhola:
– carago, mira ustê!
Tim-tim olaré tim-tim
olaré tim-tim olaré quem é!
– Vira-te pra mim, ó Rosa!
– Abraça-te a mim, ó Zé!
1981

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Eu tenho laranjas doces (GCAD I, 215) [Recolha e harm AMC]

Eu tenho laranjas doces,
Ao canto do meu baú,
Para dar ao meu amor;
Oxalá que sejas tu..
O pastor que viu, que viu,
Ai, logo me açanou,
No seu lindo modo a jeito…
Foi você que m’enganou!
Foi você que m’inganou
E acredita o povo todo…
A laranja foi criada
No quintale do meu sogro.
No quintal do meu sogro…
Tanta silva, tanta amora,
Tanta menina bonita
E eu sem ter nenhuma agora!
E eu sem ter nenuma agora…
Ela ainda há-de vir
E o tempo da mocidade
Para me eu adevertir.

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Crescendo (GCAD I, 157) [Recolha e harm AMC]

Eu fui crescendo,
crescendo, crescendo…
dezasseis anos
passados lá vão!… (bis)
e foi então
quando o meu pai me disse:
– Ana Maria,
ajuda o teu irmão!…
1982

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Cuquinho  (GCAD I, 158) [Recolha e harm AMC]

– Era meia noute
cantaba o cuquinho,
cuquinho,
era meia noite cantaba na eira (bis)
Ai, sacode o pó da saia,
ai, sacode o pó da eira,
ai, sacode o meu amore,
que o tens à tua beira!
– Que és do meu agrado
bem cantar comigo,
comigo,
que és do meu agrado
num digas que não:
anda cá prá minha beira
amor do meu coração!
anda cá prá minha beira
amor do meu coração!

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A moleirinha  (GCAD I, 304) [Recolha e harm AMC]

Ai que lindos olhos tem
ai, a filha da moleirinha! (bis)
tão mal empregados nela,
andar ao pó da farinha! (bis)
Trigueirinha me chamaste
ai, eu do sangue não no sou
isto é de andar à farinha
foi o sol que me crestou…
Trigueirinha me chamaste,
ai, eu não me escandalizei:
trigueirinha é a pimenta
e vai à mesa do rei!
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VARIANTE: Tão mal empregada é ela / andar ao pó da farinha!

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Deitei os olhos ao rio  (GCAD I, 171) [Recolha e harm AMC]

Deitei os olhos ao rio,
para ber teu brio,
stabas a labar… (bis)
Laba, laba, labadeira,
stás na brincadeira,
stás a namorar… (bis)

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Deixa a moça  (GCAD I, 172) [Recolha e harm AMC]

Mais um peneireiro (*)
que na roda entrou (bis)
deixai-o bailar,
se ainda não bailou. (bis)
Ó do rouba-rouba
e torna a roubar:
rapaz deixa a moça,
vai pró teu lugar!
Vai pró teu lugar,
vai prá tua rua!
rapaz, deixa a moça,
que ela não é tua!
Que ela não é tua,
não é tua, não!
rapaz, deixa a moça
do meu coração!
(*)variantes: Mais uma estrela… Mais um papo-seco…)
(Constantim, 1950)

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Esta calçadinha  (GCAD I, 198) [Recolha e harm AMC]

Bib’ó cima, bib’ó fundo,
bib’ó meio do lugar! (bis)
Esta calçadinha
Vai ter à Ribeira,
Vai ter ao Reconco,
Vai ter à Feiteira…
É uma cegueira,
É uma loucura …
O amor dos homens
É uma impostura! (bis)

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Don Solidon  (GCAD I, 185) [Recolha e harm AMC]

Olha a doiradinha
ai, dom-solidom…
como vai airosa! (bis)
a mão na cabeça,
ai dom-solidom…
não lhe caia a rosa!… (bis)
Olha a doiradinha,
ai dom-solidom…
como vai contente!
a mão na cabeça,
ai dom-solidom…
não lhe caia o pente!…
Olha a doiradinha,
ai dom-solidom,
como vai bonita!
a mão na cabeça,
ai, dom-solidom,
não lhe caia a fita!…
Variante: Em vez da expressão “…não lhe caia…” também existe: “… que lhe cai…”  

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