GCAD_Lendas Durienses

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 Algumas lendas do Douro medieval

Ver: GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO, Vol III - pgs 1.895 > 1.898

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História e a Lenda de

Santiago de Compostela

De entre todos os discípulos que acompanharam Jesus Cristo, Santiago pertence ao grupo dos mais íntimos, ele esteve presente nos momentos mais importantes da sua vida. Após a morte do Profeta, Santiago participa na evangelização da palestina. Faz parte, com os outros apóstolos, do núcleo central da Igreja primitiva de Jerusalém antes de ser decapitado por ordem de Hérodes Agripppa, neto de Heródes O Grande, aproximadamente em 44 dc, sendo o primeiro apóstolo mártir.

A tradição atribui a Santiago a evangelização da Espanha. Partindo da Palestina ele terá chegado num barco de transporte de Ouro e Estanho, comércio que se desenvolvia nessa época entre a Galiza e a Palestina, à Andaluzia, onde iniciaria a sua pregação até chegar a Iria Flavia (actual Padrón). O seu regresso à Terra Santa seria feito pela via romana de Lugo que atravessa a península passando por Saragoça, dirigindo-se para Valença de onde embarcaria para reentrar na Palestina.

Contudo, sobre este episódio nunca foi encontrado nada escrito pelo que muitos e reconhecidos historiadores medievais duvidam da sua veracidade.
O Breviarium Apostolorum, um registo de biografias dos apóstolos, redigido em Grego e posteriormente restaurado em Latim, fornece um detalhe importante sobre a descoberta do túmulo de Santiago na Galiza o que contribuiria para o nascimento do santuário e das peregrinações.

Após o seu martírio o corpo de Santiago foi, segundo a lenda, transportado por dois dos seus discípulos e enterrado nos confins da Galiza. A sepultura é descoberta no reinado de Alonso II (759-842). A partir do século IX encontram-se alusões a este acontecimento. Porém, não há certezas quanto à data da descoberta do sepulcro apostólico, mas a maioria das fontes católicas apontam datas entre 813 e 820.

A lenda conta que um ermitão do bosque de Libredón, de nome Pelágio (ou Pelaio), observou durante algumas noites seguidas uma “chuva de estrelas” sobre um monte do bosque. Avisado das luzes, o bispo de Iria Flávia,

Teodomiro, ordenou escavações e encontrou uma arca de mármore com os ossos do santo e dos seus discípulos. Informado, o Rei das Astúrias mandou construir 3 Igrejas no lugar indicado, dando-se início às primeiras peregrinações.
Em 872 Afonso III, perante o número crescente de peregrinos manda construir uma majestosa Igreja no lugar da primitiva. Paralelamente, a reputação das peregrinações a Santiago levaria à mudança da sede episcopal de Iria Flavia para Compostela.
Em 951 é registado o primeiro peregrino estrangeiro, na pessoa do Bispo de Puy, Goldescalc.

Os Franceses são os primeiros peregrinos estrangeiros a deslocarem-se ao túmulo do apóstolo no século XI, na segunda metade desse século o carácter internacional afirma-se com a chegada de Alemães e dos primeiros Ingleses.

Nesse tempo a Galiza metamorfoseia-se em Palestina Ocidental.

Contudo, após ter sido um fenómeno religioso durante a idade média, as peregrinações a Santiago conhecem uma progressiva erosão a partir do século XIV, parando mesmo no século XVII por falta de peregrinos. No século XX dar-se-ia o renascer das peregrinações fazendo com que Santiago de Compostela seja o 3.º lugar Santo do cristianismo após Jerusalém e Roma.

Os Caminhos de Santiago

O Caminho de Santiago tem 7 rotas históricas: o Caminho Francês, o Caminho do Norte, a Vía de la Plata, a Rota Marítimo fluvial, o Caminho Inglês, o Caminho Primitivo e o Caminho Português. Para alem destas rotas existe ainda o Caminho de Finisterra que faz a ligação entre a cidade de Santiago e Finisterra.

O Caminho Português

Em rigor não se pode apontar apenas um Caminho Português, antes da marcação do Caminho pelas várias associações e entidades competentes – o que só começou a acontecer nos últimos anos: não havia nem início, nem um percurso definido. Há vários relatos de peregrinos que viajaram para Santiago do sul do nosso país, mas ainda não foi feito o levantamento de nenhum percurso a Sul de Lisboa embora saibamos que existiam.

A partir de Lisboa podemos falar de dois grandes Caminhos que atravessam o país de Sul a Norte, um na costa e um no interior. De Lisboa seguem em direcção a Coimbra (existem duas variantes por Tomar – que corresponde, até Santarém ao Caminho do Tejo – ou por Leiria).

Em Coimbra existem também duas alternativas, pelo interior (por Viseu e Chaves que sai de Portugal em Feces de Abaixo e se junta à Via da Prata em Verin), ou pela costa (em direcção ao Porto).

No Porto temos opção entre Barcelos e Braga. Em Braga segue para Ponte de Lima ou para a Portela do Homem, em Barcelos segue para Viana do Castelo ou para Ponte de Lima. De Ponte de Lima segue para Ponte da Barca e Vilarinho das Furnas ou para Valença.

Existe ainda uma outra alternativa entre Caminha e Vila Nova de Cerveira.
A sinalização do Caminho é feita com setas amarelas e placas de identificação (não confundir com as setas azuis que marcam o Caminho de Fátima).
A via da Prata passa também por Portugal mas não podemos considerar o Caminho Leonês como um Caminho Português.

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Lenda de Nossa Senhora de Cárquere

O culto de Nossa Senhora de Cárquere, em terras de Egas Moniz, actualmente no concelho de Resende-Douro Sul, já se fazia na época anterior à nacionalidade, em que D. Rodrigo perdeu a Espanha para os Mouros, e sendo provavelmente muito mais antiga. Durante a invasão moura, a pequena imagem da Senhora foi escondida num carvalho oco, juntamente com uma caixa de relíquias, os sinos da ermida e uma cruz de prata. Estes objectos foram aí esquecidos.

Muitos anos depois, nasceu D. Afonso Henriques com um grave problema de saúde: o pequeno infante não tinha acção nas pernas, dos joelhos para baixo. O seu aio, Egas Moniz, teve um sonho em que lhe apareceu Nossa Senhora: a Virgem mandou-o ir a Cárquere e cavar em  determinado local, onde encontraria os restos da ermida e a sua imagem.
Deveria então mandar construir uma nova igreja e sobre o altar colocar o infante, passando aí uma noite de vigília.

A construção terminou quando D. Afonso Henriques tinha cinco anos e as indicações da Virgem foram cumpridas. No dia seguinte, o infante andou e correu como uma criança saudável.
O conde D. Henrique, perante este milagre, agradeceu à Virgem mandando construir, junto à igreja, um mosteiro, que doou aos cónegos regrantes de Santo Agostinho.

Ver mais em: Altino M Cardoso – D. AFONSO HENROQUES – OS MISTÉRIOS E A LÓGICA (2011) e Altino M Cardoso – D AFONSO HENRIQUES – A LÓGICA SEM MISTÉRIOS (2022 – em publicação

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Lenda do 25 de Abril (Mosteiro de S. João de Tarouca)

Depois de D. Afonso Henriques lhes ter dado o terreno solicitado pelo abade João, e ainda o couto, os monges brancos de Cister vão para Tarouca e, no dia 25 de Abril, foi-lhes dado a um sinal indicativo do local preciso onde deviam construir o seu convento, como narra o “Exordium Cistercii”:
…bonus Princeps Alfonsus Portugalensium Rex, a quo Abbas Joannes postulavit locum in quo Monasterium construeret, et Princeps supradictus dedit ei, et monachis qui cum eo ibant supradictam chartam, et cautum.
Tendo localizado o sítio ideal, chegaram às margens do Varosa, onde no dia 25 de Abril lhes aconteceu algo de estranho e milagroso:
Inito enuto sic accepto rederunt iuxta fluvium Varosa, et in declive montis construunt sacellum, ubi per aliquot dies permanserunt in oratione, Dei sperantes misericordiam suam, ut opere ad impleret quod promiserat servo suo Bernardo, et quodam nocte die 25 Aprilis frater Boemundus dum coelum aspicit, micantem radium in imo vallis iuxta fluvium conspicit.
Do céu viram cair um sinal luminoso que se repetiu durante toda uma semana (…)
et sic per septem alias noctes mirantibus reliquis,
indicando um lugar, onde, na sua opinião, deveriam construir o seu mosteiro
qui vocati ab ipso eundem radium videbant el credentes quod hoc erat signum ostensum a Deo, ut monasterium construerent.
Rapidamente, foi avisado o abade João (Cirita?) para participar e testemunhar o milagre, que reforçaria a transcendência do alvo.
scribunt omnia Abbati Joanni, qui tunc erat in Romitorio de Lafun (…). His transactis dum fratres obtemperam Abbati Joanni, iterum lux imicat in pristino loco, quem fratres deligenter consignaverunt, et vallarunt, et paucis posi diebus venii Abbas, et cum esset in oratione apparvit similis lux (:..).
De novo, marcharam todos em busca do rei que, por aqueles tempos, se tinha passado a Braga,
dominum Regem, qui erat in Bracara.
Explicando o milagre, pediram-lhe aquele lugar para construir o seu novo lar.
O monarca, feliz com os acontecimentos, tudo lhes deu:
et ipse Rex fecit illis bonam acolnensam, et dedit eis facultarem construendi monasterium, et ipsi venerunt, et caeperunt facere,
doando-lhes igualmente dinheiro (Rex dedit septuaginta quatuor frisantos de argento.)
Egas Moniz, grande terratenente da comarca taraucense, não foi menos generoso que o seu senhor e também lhes forneceu uma importante soma:
Egas Moniz pro auditorio, et servitio Dei dedit illis septuaginta marabetinos auri.
Concluída a primeira fase da instalação dos monges cistercienses nas margens do Varosa, o Exordium Cistercii continua a sua narração, explicando que, pouco depois, os mouros atacaram a vila de Trancoso (Post paucos dies Mauri venerunt, et depopulaverunt Trancosum). D. Afonso Henriques, temeroso de que esta surtida muçulmana pudesse desencadear males maiores, aprestou logo seus exércitos para repelir a sua investida.
Passaram seus soldados por Lamego ao encontro do inimigo (et ipse Rex cum suis cohortibus venit per Lamecum) e, quando atravessaram as margens do Varosa, recordou-se D. Afonso Henriques da existência daqueles monges brancos estrangeiros ali perto.

Pediu-lhes que um deles acompanhasse a sua empresa guerreira, orando a Deus pelas hostes, celebrando missas e administrando sacramentos:
et iransibal iuxta Varosam, el recordaius esl frairum qui cranl in illis locis (…) el rogmil ut millereni cum co frairem Adeberium, ul oraret Dominum pro sua hoste, el miserunl eum, et unam crucem, el unum calicem, ut celebraret, quia sacerdos erat.
Adalberto foi o escolhido, pois possuía a ordem de presbítero, e a sua acção foi tão bem conduzida que o Rei lhes concedeu a construção do próprio mosteiro.

Ver mais em: Altino M Cardoso – D. AFONSO HENROQUES – OS MISTÉRIOS E A LÓGICA (2011) e Altino M Cardoso – D AFONSO HENRIQUES – A LÓGICA SEM MISTÉRIOS (2022 – em publicação)

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Lenda de Moura Morta

A freguesia de Mouramorta (Peso da Régua) é objecto de uma lenda: trata-se de uma moura ali assassinada pelos Templários, por não querer renunciar ao Crescente e abraçar a Cruz. A lenda explica o nome: Mouramorta.
A Princesa morava num castelo, em Cidadelhe. Um Emir, por tacto político, aconselhou-a a receber o baptismo para não ser morta pelos impiedosos templários; mandou-a mesmo encerrar numa torre, tendo a princesa fugido. Por aqueles caminhos agrestes acima, foi ter a um penhasco próximo do sítio onde actualmente se situa a freguesia de Moura Morta, ali tendo morrido, varada pelos ferros nazarenos. Acabou é como quem diz: ficou encantada. Na manhã de S. João há quem a tenha visto a pentear-se e a expor o ouro no cume do penhasco.
Assim, as origens da freguesia de Moura Morta, estrategicamente situada entre a serra do Marão e o Douro, são muito antigas, ainda do tempo em que ainda coexistiam mouros e cristãos. É provável que os Templários se tenham aí estabelecido até 1319, altura em que D. Dinis, por ordem do Papa Clemente V, dissolveu a Ordem de Malta.
São vários os vestigios da presença árabe ao longo do rio Douro (ver: GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO, III):
– Arquitectonicos (castelo, muralha e cisterna de Lamego, túmulo moçárabe de Cinfães, castelo de Penedono…);
– Usos e costumes (manifestações sociais populares, símbolos, barco rabelo, cultura da oliveira e da vinha, socalcos, lendas e historias de mouras encantadas…);
– Toponímia: Montemuro (Monte Mouro?), Almedina, Fafel, Almacave, Almofala, S. Martinho de Mouros, Fazamões, Boassas, Açougues, Arribada, Alcáçova, Alqueives, Arrabaldes, Barbeita…).

Mouramorta englobava os lugares que, pelo lado nascente, se estendiam até Ariz (hoje em Jugueiros-Godim-Peso da Régua), os quais lhe foram desanexados, dando origem à actual freguesia de Loureiro.
Situada nas encostas que, do Douro levam à serra do Marão, Mouramorta ostenta a Ponte Medieval de Cavalar, as ruínas da Casa da Ordem de Malta e, também, as da Câmara e da Cadeia, pois chegou a ser vila e concelho, com foral de D. Manuel em 1514. Cidadelhe fica a menos de uma légua a sul, descendo, por caminhos ínvios e passando a ponte Cavalar em Vilamarim, em direcção ao rio Douro.

Ver mais em: Altino M Cardoso – D. AFONSO HENROQUES – OS MISTÉRIOS E A LÓGICA (2011) e Altino M Cardoso – D AFONSO HENRIQUES – A LÓGICA SEM MISTÉRIOS (2022 – em publicação)

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Lenda da Princesa Ardínia

Lê-se em Fr. Bernardo de Brito, historiador de Alcobaça, que D. Tedon, tantas gentilezas fez em armas, que uma filha de Alboazan, Rei de Lamego chamada Ardínia, se enamorou de sua fama em tanto excesso, que não podendo resistira à grande força do amor, se saiu em companhia de uma colaça sua, e depois de ter caminhado alguns dias por caminhos ocultos, veio ter à ermida de São Pedro das Águias, onde estava um monge velho e de vida santíssima, chamado Gelásio, a quem descobriu quem era e ao fim para que vinha. Instrui-a o santo monge das coisas da fé e lhe deu água de baptismo prometendo-lhe servir de medianeiro com D. Tedon, para que a recebesse por mulher, assim que viesse da conquista em que andava. (…) Mas Alboazan veio escondidamente, trucidando-a e afogando-a no rio Távora, e, sendo D. Tedon sabedor disto, por amor dela não quis mais casar.
OUTRA VERSÃO – DE VÁRIAS:
Em muitas noites, noutros tempos, nos céus de Lamego, quando não havia o clarão da lua cheia, podia ver-se pairando sobre o castelo da cidade, uma alva pomba que enebriava de suave aroma todo o ambiente. Era a alma de Alcanides, a irmã colaça de Ardínia. Aquela, prodigiosamente, teria salvo os agarenos em difícil empresa. Estes, haviam enterrado na Capela de Nossa Senhora da Paz a imagem desta Senhora. D. Tedon, que teria jurado vingar a morte de Ardínia, mandou colocar a Imagem de Nossa Senhora numa balança e exigiu o seu peso em prata. Por mais metal precioso que os mouros deitassem no outro prato, a balança não se equilibrava.
Pedida a intervenção de Alcanides que estava presa nas masmorras do Castelo, como cúmplice na fuga de Ardínia, logo a presença daquela teve a arte de fazer equilibrar a balança e, assim, foram libertados os reféns de D. Tedon.
Mas ela não quis a libertação que lhe foi oferecida. Após a morte a sua alma passou a pairar sobre o castelo.

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Lenda de D. Mirra de S. Leonardo de Galafura

No lugar do Fragão, em S. Leonardo, diz-se que um rei mouro encantou a sua filha, com a seguinte fórmula:
– “Abre-te, fraga, aqui fica minha filha até ao dia em que semearem linho sobre esta rocha, fizerem com ele uma toalha e sobre ela comerem um jantar”.
Um pastor, ao ouvir isto, tratou de deitar terra sobre o fragão, semeou-lhe linho e regou-o todos os dias. Do linho fez uma toalha e lá jantou. Mas, porque não soube empregar bem a fórmula, a menina para sempre lá ficou encantada.
Uma mulher, levando de comer ao seu marido, que fazia carvão nas vertentes de S. Leonardo, encontrou uma menina muito bonita, que atava a ramagem das giestas embaraçando o caminho a quem passava. Quando esta lhe perguntou:
– Menina, que andas a fazer?
Ela respondeu:
– Desata as giestas, alcança-me e me desencantarás!
A mulher, por maior que tenha sido o seu esforço, não foi capaz.
A menina moura continua a amarrar as giestas, impedindo a passagem aos caminhantes.
OUTRA VERSÃO:
D. Mirra é uma moira encantada, que vive numa gruta (ou mina) do maciço rochoso em que assenta a ermida de S. Leonardo. Durante o dia passeia-se, invisivelmente, pelo matagal; à noite recolhe-se na gruta, cuja entrada é guardada por dois dragões – monstruosos lagartos, que habitam escondidos na montanha.
Será desencantada, um dia, pelo jovem que ouse, ao bater da meia-noite, no gélido primeiro de Janeiro, enfrentar a matar os dragões. Bela e prenhe de desejo, entregar-se-á em sôfrego acto de amor no silêncio da noite e à luz do luar.
Quebrado o encanto, a pequena gruta mostra-se como antecâmara de um luxuoso palácio subterrâneo.
Quem arriscar-se um dia a quebrar esse encanto?…
QUEM FOI SÃO LEONARDO?
Leonardo de Noblac (ou de Noblat) foi um nobre franco nascido no séc. V, no reinado do imperador Anastácio I, sendo afilhado do Rei Clóvis, com ele convertido ao Cristianismo no Natal de 496.
Destinado a ocupar um alto posto entre os nobres guerreiros francos, recusou e consagrou a vida ao serviço de Deus. Foi-lhe oferecida pelo rei a dignidade episcopal, mas Leonardo recusou, pedindo-lhe apenas autorização para visitar os presos do reino e libertar quantos quisesse.
Depois de libertar e converter os presos do norte, tomou o caminho do sul; foi detido em Limoges pelo exército do rei da Aquitânia, que lhe falou da rainha que se encontrava em trabalhos de parto havia cinco dias. Logo que Leonardo orou, ela pôs o prisioneiro que retinha no seu seio em liberdade. Como recompensa foram-lhe dados terrenos na Floresta de Pauvan, onde foi construída uma capela, dedicada a Nossa Senhora, e mais tarde um mosteiro a que Leonardo deu o nome de Noblac, em torno do qual se ergueu a cidade de Saint-Léonard-de-Noblat na Haute-Vienne, actualmente Património Mundial da UNESCO e atravessada também por um dos muitos caminhos de Santiago.
S. Leonardo é o patrono dos presos e das parturientes. O único templo, de estilo romano-gótico, dedicado a este santo, em Portugal, encontra-se em Atouguia da Baleia, perto de Peniche, erigido durante o século XIII. Conta a tradição, que ao tempo do repovoamento das terras de Tauria (grande porto de pesca), um barco que se dirigia para cá com um carregamento de prisioneiros se afundou à entrada do porto, salvando-se todos os presos. Estes traziam a bordo, uma imagem de S. Leonardo que também se salvou com eles. Agradecidos de tão grande milagre, resolveram construir a linda igreja, a única dedicada a S. Leonardo, não existindo mais nenhuma paróquia com este nome. A festa é a 6 de Novembro, na Vila de Atouguia.
Em Galafura, concelho de Peso da Régua, no miradouro do alto do monte, existe a capela dedicada a São Leonardo. A maravilhosa paisagem que dali se avista serviu de inspiração a Miguel Torga para o célebre poema homónimo, do seu Diário IX.

Ver mais em: Altino M Cardoso – D. AFONSO HENROQUES – OS MISTÉRIOS E A LÓGICA (2011) e Altino M Cardoso – D AFONSO HENRIQUES – A LÓGICA SEM MISTÉRIOS (2022 – em publicação

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Lenda de Britiande – versão 1 (da Câmara)

“como coração ou cabessa de toda ella, fundou esta sempre nobre e leal villa de Britiande, cujo nome se diz, sertamente por tradição, que en seus abitadores corre, que nasceu de que, passando, por o sitio donde hoje está, o grande conde Dom Enrrique en seguimento dos Mouros, sucedeo meter húa pedra antre a ferradura da mão do cavalo em que hia e advertindo Egas Monis, que sempre o acompanhava, que esperasse para se tirar aquella pedra, respondera lhe dizendo ‘Brite e ande’, donde o dito fundador tomou ocasião para lhe por o dito nome de Britiande con que ficou em nobrecida por seu fundador e pela ocazião do nome com que foi sempre conhecida por ser pátria de muitos e grandes sugeitos que em ella tem nascido”.

Lenda de Britiande – versão 2 (Aquilino e Almeida Fernandes)

Chama-se assim porque quando D. Afonso Henriques ali passou à frente das tropas, havia nozes pelo chão. Vinha com pressa, mas os soldados arregalaram o olho. E ele deu esta ordem: Brite e ande».
Também o filólogo José Pedro Machado, Dicionário Onomástico, I, p. 286, apesar de aludir à filiação antroponímica germânica, não teve escrúpulo, em obra científica, de referir uma tal «explicação», sem minimamente a refutar: também dá por isso a ideia de admiti-la – sendo, pelo menos, cúmplice na sobrevivência do multifário disparate.
A.A.Fernandes – A História de Britiande

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Lenda dos Távoras

A tradição diz que os irmãos D. Tedo e D. Rausendo, os protagonistas desta lenda, que se terá passado em 1037, eram descendentes de Ramiro II de Leão. Os corajosos irmãos já há muito tempo tentavam tomar o castelo de Paredes da Beira que estava na posse do emir mouro de Lamego, sem qualquer sucesso. Mas um dia, esgotados todos os outros recursos, D. Tedo e D. Rausendo decidiram usar a astúcia para conseguirem apoderar-se da fortaleza. Numa manhã do dia de S. João em que os mouros saíam habitualmente do castelo para se banharem nas águas do Távora, os dois irmãos e o seu exército disfarçados de mouros prepararam uma emboscada e entraram no castelo, matando a maior parte dos mouros que lá tinham ficado. Avisados por alguns mouros que tinham conseguido fugir do assalto, os que festejavam no rio prepararam-se para voltar ao castelo, mas foram atacados e dizimados no rio por D. Tedo e os seus guerreiros. O vale do rio onde se travou a sangrenta luta ficou a ser chamado por Vale do Amil em lembrança dos mouros que tinham sido mortos aos mil. A lenda diz que os dois irmãos tomaram a partir da batalha o apelido de Távora, em memória do rio onde se tinha desenrolado a vitória.
Adoptaram nas suas armas um golfinho sobre as ondas simbolizando D. Tedo que, com o seu cavalo, tinha vencido os Mouros nas águas do rio.
O topónimo do Concelho deriva da importante “pesqueira” no rio Douro, à qual fazem alusão documentos antigos, relacionados com a Ordem de Cister e S. Pedro das Águias. Ainda mais antigo é o povoamento, que remonta a tempos ancestrais, que deixaram inúmeros vestígios arqueológicos de diversos castros e castelos: Castro de Paredes da Beira, Castelo Velho, Castelos da Chã, de Reboredo, da Fraga de Alcaria, de Chã de Trovisco, Castelo Alto, Castelinho, Castelos de Gramejo, da Senhora do Monte, da Cocheira, Monteiras, da Sra. Do Viso e do Vento…
O Vale do Amil, que a lenda refere, é hoje referido pela abundância de espécies cinegéticas, que atrai caçadores de diversas áreas circundantes.
Afonso III das Astúrias conquistou a Vila acastelada aos mouros. O primeiro Foral da Vila é já do reinado de Fernando “O Magno”, entre 1055 e 1065 – portanto um dos mais antigos do país. Outros forais ou confirmações: D. Afonso Henriques ainda Infante, em 1110, D. Sancho I em 1198, D. Fernando em 1376 e, ainda, D. Manuel I, no ano de 1510.
A poderosa linhagem de D. Pedro Ramires, dos ricos-homens de Ribadouro, deteve terras nesta região, tendo o couto de S. Pedro de águias ultrapassado os limites do actual Concelho.
Soutelo do Douro, Várzea de Trevões, Paredes da Beira, Trevões, Valongo dos Azeites e Ervedosa do Douro foram, outrora, “Villas” e terras importantes do “Julgado de Sanhoane (S. João) de Pescarias”, apesar de Paredes e Trevões terem tido julgados próprios.
A Casa de Távora foi uma das mais ilustres Casas nobiliárquicas portuguesas. O apelido deriva do Rio Távora, ou de uma vila ribeirinha com o mesmo nome, como sugerem as ondas desenhadas no brasão. A expansão da família Távora terá tido origem na vila de Trancoso, e posterior fundação da aldeia de Souro Pires, em Pinhel, onde existe um belo solar senhorial, construido no final do seculo XV por Soeiro Peres de Távora, e que representa o mais importante exemplar de um solar senhorial em Portugal.
Esta família tem origens antiquíssimas, que alguns estudos genealógicos fazem remontar a um dos filhos de Ramiro II, Rei de Leão. O primeiro Senhor de Távora é Rozendo Hermingues, um nobre hispânico que viveu algures nos finais do século XI, principios do século XII. O senhorio do morgado de Távora permanece na linha varonil desta casa. O hexaneto de Rozendo Hermingues é Lourenço Pires de Távora (c.1350-?), 8º Senhor de Távora, cavaleiro do Reino de Portugal e Senhor do Minhocal e do Couto de S. Pedro das Águias por mercê do Rei D. Pedro I. Diz-se, mesmo, que foi esta nobre família trasmontana a fundadora do Mosteiro de S. Pedro das Águias.
É curiosa a explicação regionalista do ódio lendário aos Távoras, por parte do Marquês de Pombal:
Sebastião José (mais tarde primeiro-ministro de D. José), em menino e moço, estudou no convento franciscano de S. João da Pesqueira, onde um tio padre ministrava lições de Latim. O namoro e desejado enlace matrimonial entre Sebastião, filho de gente humilde (plebeia), e a formosa e rica descendente dos prestigiados Távoras foi radicalmente proibido. Daqui a tremenda vingança passional do moço, carrasco dos marqueses, quando chegou a ministro plenipotenciário.

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Lenda da Praga de D. Teresa

Depois da Batalha de São Mamede (1128), em que foi derrotada pelo filho, D. Afonso Henriques, D. Teresa de Leão é presa e acorrentada com ferros nos pés. Nessa altura roga ao filho a seguinte praga: “D. Afonso Henriques, meu filho, prendeste-me e puseste-me a ferros. Tiraste-me a terra que me deixou o meu pai e separaste-me do meu marido [2º marido, Fernão Peres de Trava]. Rogo a Deus que venhas a ser preso assim como eu fui. E porque puseste ferros nos meus pés, quebradas sejam as tuas pernas com ferros. Manda Deus que isto seja !”.
Assim se justificaria o acidente que o primeiro rei sofreu em Badajoz, no qual partiu uma perna, aos sessenta anos, já na parte final do seu reinado.
A tradição também comenta que ela não tinha qualquer autoridade moral para pedir a Deus uma coisa dessas: com a mancebia com os dois Travas galegos, elã tinha posto em perigo a independência do território e a própria herança do filho – o que tinha sido dado à mãe e o que foi conquistado pelo pai, o Conde D. Henrique.
A tradição acrescenta, ainda, que D Afonso Henriques era santo e estava imune a pragas. Com a perna partida em Badajoz, Deus apenas quis castigá-lo por alguns pequenos pecados, próprios de um homem: o orgulho, as mulheres...

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Lenda do Zé do Telhado

É célebre uma ‘lenda’ passada com o Zé do Telhado – que actuava mais ou menos naquela zona de Egas Moniz (Baião-Amarante-Mesão Frio e Cinfães-Resende-Castro Daire-Lamego:
Pelos caminhos das aldeias dessas serras, andava um homem a pedir, com o ar mais desgraçado do mundo. Mas corria o boato de que era um fingido e teria, até, um bom pecúlio escondido debaixo de umas fragas numa serra ali perto.
Ora esta situação chocava com as preocupações morais do Zé do Telhado, que tinha como ponto de honra proteger os pobres dos maus tratos e da avareza dos ricos.
Numa noite de luar encontrou-o e resolveu tirar as coisas a limpo. Palavra daqui, palavra dali, o mendigo, já com um grão na asa, não mediu o perigo e ofendeu o Zé.
Que não puxou da faca nem do bacamarte: não valia a pena sequer sujar as mãos com esse miserável velho sebento. Tirou-lhe o próprio pau de caminhante e deu-lhe umas valentes porradas no serro.

Eis senão quando… o chão fica a tilintar de belas libras amarelinhas! O pau, afinal, era uma cana bem grossa que estava recheada de libras.
… bem, o velho pôde ficar com uma, mas, como castigo – para quando olhasse para ela se lembrar do malandro que tinha sido, enganando as pessoas pobres, obrigadas a trabalhar de sol a sol, mas que, por caridade cristã, lhe davam às vezes o que lhes fazia falta.

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Lenda da Caninha Verde

Em tempos que já lá vão, nos primeiros tempos da Reconquista, vivia num palácio em Fataunços, perto de Vouzela, o nobre guerreiro El Haturra, descendente do famoso chefe mouro Cid Alafum (em que entronca o actual topónimo Lafões). El Haturra era velho e feio e nunca era visto sem a sua bengala, uma velha cana que vinha sendo transmitida na sua família, de geração em geração, entregue ao seu novo possuidor com umas palavras misteriosas…
Ora, o facto de El Haturra se fazer acompanhar por aquela cana negra e ressequida era objecto de troça de todos, a tal ponto que um seu amigo, o jovem português Álvaro, o aconselhou a desfazer-se dela. El Haturra confidenciou-lhe, então, que a vara tinha magia e que se um dia chegasse a ficar verde era o sinal sagrado do profético encontro de dois primos descendentes de Cid Alafum. Nesse dia esperado, as terras e os tesouros do antigo chefe mouro voltariam à posse da família e as formosas mouras seriam desencantadas. Uma condição essencial era que ambos os descendentes professassem a religião de Alá.
Um dia, passeavam El Haturra e o seu amigo Álvaro pelo campo, quando viram uma linda princesa, acompanhada por uma formosa aia, de cabelo negro e olhos azuis, que cavalgava um cavalo negro. De repente, a vara começou a ficar verde e El Haturra começou a rejuvenescer, tornando-se jovem e belo.
Ao primeiro olhar, El Haturra tinha reconhecido na aia a descendente de Cid Alafum e, juntamente com Álvaro, saiu atrás das duas jovens que se dirigiam à corte do rei de Portugal.
Diz a lenda que El Haturra conseguiu convencer a jovem aia a casar-se com ele e o rei de Portugal abençoou a união com uma condição: o baptismo de El Haturra. De início, o agora jovem El Haturra opôs-se veemente, mas por fim a sua paixão foi mais forte e aceitou o desejo real.

O baptismo ficou marcado para o dia do casamento e foi então que aconteceu algo de extraordinário: no momento em que estava a ser baptizado, El Haturra voltou a ser velho e feio como dantes. A magia da caninha verde só seria válida se ambos os nubentes professassem a religião de Maomé. A noiva desmaiou naquele mesmo momento e nunca mais quis ouvir falar no seu noivo que desapareceu para sempre, enquanto que a sua cana
verde foi guardada num sítio secreto.

Segundo a tradição, se alguém gritar “Viva o fidalgo da caninha verde!” no mesmo local e à mesma hora em que se deu o encontro entre os dois descendentes de Cid Alafum, ouvirá gargalhadas alegres das mouras encantadas que pensam que chegou a hora da sua libertação. [Sobre a cana verde, ver cap. III – Simbologias].

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Lenda da Senhora da Lapa

Tamanho Resultado de imagem para Sra da Lapa.: 176 x 170. Origem: fotografiaminhalma.blogspot.comDiz a lenda que a imagem de Nossa Senhora da Lapa apareceu num penedo de difícil acesso, junto às terras de Cister. Os devotos construíram-lhe um templo num local mais acessível, mas a imagem da Senhora fugia para o seu penedo sempre que a punham na nova capela.
Este facto insólito ocorreu tantas vezes que os devotos fizeram a vontade à Virgem e construíram-lhe uma capela no penedo. E a Senhora da Lapa lá está hoje, num sítio em que, para a ver, o crente tem de entrar de lado, por mais magro que seja.

Curiosamente, o crente mais gordo de lado entra sempre.
Um dos milagres atribuídos a esta Senhora é o que ocorreu com um caminhante que, adormecendo junto à capela, lhe entrou na boca entreaberta uma cobra. Aflito, o homem acordou e imediatamente invocou no seu pensamento a Senhora da Lapa. Conta a lenda que
a cobra imediatamente virou a cabeça para fora da boca, sendo depois apanhada e morta.

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Lenda do Mouro do Cabril

Beatriz era uma jovem camponesa que todos os dias pastoreava o seu rebanho junto da
ribeira do Cabril. Muito bonita, era disputada pelos jovens do lugar. Talvez fosse por isso que
ainda não se tinha decidido por nenhum, ou talvez por influência das histórias de pastoras e
príncipes encantados que a avó lhe contava.

Um dia junto à ribeira foi surpreendida por um príncipe encantado que a vinha buscar para a levar para o seu palácio de onde nunca mais
sairia. O encanto seria quebrado quando Beatriz tivesse um primeiro filho. Beatriz seguiu o seu sonho e nunca mais voltou a casa. As mulheres diziam que decerto tinha sido o mouro do Cabril que a tinha levado. Tinha fama de belo, poderoso e conquistador e noutros tempos já
tinha levado uma rapariga tão bela como Beatriz.

Passados anos, a mãe de Beatriz recebeu a visita de um mouro, que lhe pediu para ajudar Beatriz a ter o seu filho. A mãe seguiu o mouro até ao palácio encantado, prometendo sigilo contra a garantia de que o seu neto seria um homem livre. A mãe de Beatriz visitou-a durante anos, em segredo, até que um dia, em que estava marcada uma visita, o seu marido a obrigou a acompanhá-lo a uma feira numa terra vizinha. Contrariada, seguiu-o, e lá, por entre a multidão, encontrou o mouro com o seu neto ao colo. Sem se conter, deu-lhe um recado para Beatriz na presença de todos. O mouro e a criança desapareceram em fumo. A mãe de Beatriz ficou louca para sempre por causa, dizem, do desaparecimento da filha, levada pelo mouro encantado do Cabril.

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Lenda da Fundação do Mosteiro de Alcobaça por D. Afonso Henriques

Em 1147, a moura renegada Zuleiman apresentou-se nos paços de Coimbra na presença de
D. Pedro Afonso, irmão do primeiro rei de Portugal, surpreendendo o infante com a revelação que aquela seria a melhor altura para conquistar Santarém.

Zuleiman, despeitada por ter sido abandonada por Muhamed, o alcaide de Santarém, queria vingar-se dando aos cristãos as informações que tinha sobre a defesa do castelo. Entretanto, D. Afonso Henriques já tinha enviado o seu cavaleiro Mem Ramires a Santarém para estudar o inimigo; a astúcia e a cautela do cavaleiro foram fulcrais para a decisão do ataque.

Conta a lenda que foi na serra dos Albardos que o primeiro rei de Portugal fez a promessa de construir um mosteiro, se Deus lhe desse a vitória.

Mem Ramires segurou a escada contra as muralhas, por onde entraram os soldados e Santarém amanheceu cristã.

O mosteiro de Alcobaça foi construído em cumprimento de um voto do primeiro rei de Portugal, sendo (juntamente com a Batalha e os Jerónimos) uma das jóias mais preciosas do património arquitectónico português.

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ALGUMAS SUPERSTIÇÕES

Comichão: na palma da mão é sinal de dinheiro a receber. Se é na palma da mão esquerda é uma visita desconhecida. Na sola do pé é viagem ao exterior.
Objectos perdidos: para os recuperar, é dar três pulinhos para São Longuinho.
Guarda-chuva: o guarda-chuva deve ficar sempre fechado dentro de casa: abri-lo aí traz azares vários.
Brinde: se o seu copo contiver algum tipo de bebida alcoólica, não brinde com ninguém cujo copo contenha bebida sem álcool, senão os desejos serão pervertidos.
Visita: em algumas terras, quando uma mulher é recebida noutra casa por alguns dias, por estima recebe a chave da despensa.
Roupa por fora: colarinho da camisa fora da camisola: pedir alguém em casamento. Combinação a ver-se: rapariga já comprometida.
Noivos: No período de namoro, os namorados não poderiam ser padrinhos de casamento nem experimentar alianças de casamento de alguém, nem sentar ao canto de uma mesa, nem deixar varrer os pés.
É bom oferecer aos noivos um saco para guardar diariamente o pão.
Dois (duas) irmãos (irmãs) não se devem casar no mesmo dia, porque a felicidade pode “fugir” para um (a) deles (delas).
Também não poderia ver a noiva no dia do casamento: só na cerimónia.

A noiva não deve usar ouro, mas uma jóia da alguém que tenha vivido feliz, usar uma liga azul, uma coisa usada e outra emprestada, ou uma coisa nova e uma coisa velha.
Dá sorte atirar com arroz aos noivos e eles oferecerem lembranças de agradecimento aos convidados.
Finalmente, chegando à sua nova casa o noivo deve levar a noiva ao colo, deitando-se numa cama feita “à espanhola” e com uns grãozinhos de açúcar, simbolizando o princípio de uma nova etapa da vida, o matrimónio.
A lua-de-mel parece fugir às superstições: surgiu na antiguidade com este nome porque quando os casais se casavam e iam para casa na noite de núpcias, os vizinhos e parentes desenhavam uma lua, ou um coração, com mel na porta da casa para dar sorte com a ejaculação.

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