Descrição
Nos anos 50-60 a torre da igreja matriz de S. Pedro de Loureiro (Régua) precisava de ser reabilitada, não apenas por estar muito deteriorada mas também por ser tão baixa e inestética que nem sequer merecia o nome de torre.
Então o pároco (P. Sidónio Moura Vasconcelos) e o Armando (presidente da Junta) chamaram a si essa tarefa e dinamizaram comissões de pessoas de boa vontade para serem organizados peditórios e cortejos de oferendas em todos os lugares da freguesia: Outeiro, Marvão, Sobre-igreja, Torre, Pinheiro, Travassos, Paredes, Quintã…
Como seminarista, sentia-me automaticamente mobilizado para ajudar no que aparecesse.
Entretanto, as irmãs Medeiros, que faziam a manutenção dos altares da igreja, sabendo que eu me dedicava à música e até tocava violino, desafiaram-me para fazer uma marcha para o lugar da Torre, onde moravam. Para escrever as letras tinha a Casa do Povo ao lado e aí escrevi as letras de quase todas as marchas dos cortejos, com a ajuda de uma moçasz.
Havia a marcha principal, com letra e música de minha autoria, e ainda outra música para uma dança suplementar, a que adaptava uma letra adequada à terra e à ocasião.
Sob a pressão destas circunstâncias foi-me dado desenvolver algumas qualidades musicais e poéticas, já iniciadas por alturas de 1953 com a marcha de Parafita e a canção Milá [ver no meu livro 400 MÚSICAS PRÓPRIAS REUNIDAS].
Foram várias as minhas marchas da Torre e de Travassos, a que se Juntaram mais algumas de toda a freguesia (Loureiro), incluindo as dedicadas à romaria anual à Senhora da Serra do Marão, no primeiro domingo de Setembro.
Infelizmente nem todas as letras se me conservaram na ideia depois de tantos anos – mas a matemática das músicas foi mais fácil de repor de memória e aqui fica uma amostragem em recordação desse período inesquecível e de uma importância incontornável na minha vida.
Registo aqui uma palavra de gratidão emocionada ao meu Pai, que me ofereceu um ‘cavaco’ (violino, que o Santa restaurou) aos 15 anos e à minha Mãe, que cantava muito nas lides da casa e, sobretudo, no tanque a lavar a roupa.
Também quero agradecer (com muita saudade) a quem esteve a meu lado nesse período dos 15 aos 19 anos, nomeadamente o P. Sidónio Vasconcelos, o Antonino da Casa do Povo, o Armando da Junta de Freguesia, o P. Luís Gouveia de Marvão, o Flávio de Marvão, as quatro irmãs Medeiros – e os inesquecíveis tocadores (violas, flautas, clarinetes, violinos, ‘banjolins’, gaitas de beiços, bombos, ferrinhos…) que liam com surpresa e respeito as minhas pautas dos 15 anos e me davam um exemplo vivo de amor à Música: deles destaco o Arnaldinho da Singer, os irmãos Alcino e José Mesquita Gouveia, o Manelzinho do Romezal, o Armindo Chiné, entre tantos outros… que na Música tentavam esquecer, ou sacralizar, o suor das lutas pelo pão de cada dia.
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EXEMPLOS
Marcha da Torre (1956)[400 CPR 343]
Marcha de Loureiro (2006)[400 CPR 355]
Marcha de Loureiro – Serra [400 CPR 353]
Marcha da Torre (1959) [400 CPR 344]
Hino do Justo Heitorzinho [400 CPR 311]
Hino do Patronato de Godim [400 CPR 313]
Marcha de Travassos[400 CPR 359]
Marcha do Vale (Godim) [400 CPR 361]
Marcha de Godim (Régua) [400 CPR 351]
Marcha de Loureiro (1959) [400 CPR 353]
Marcha de Loureiro (1961) [400 CPR 352]
Hino do Colégio de Porto de Mós (1969) [400 CPR 310]
Hino da Harmonia (400 CPR, 441 [AMC]
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LETRAS
Torre 1959
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