GCAD_Cantigas da VINHA D

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GRANDE CANCIONEIRO DO ALTO DOURO

O GRANDE CANCONEIRO DO ALTO DOURO comporta três volumes (640×3=1.920 páginas), com uma recolha de 1.150 músicas – pautas com letras e músicas.

Estas canções tradicionais do Alto Douro Vinhateiro são precedidas de um completo estudo histórico-literário. Foram recolhidas pelo autor (Altino Moreira Cardoso) em quintas com epicentro em Godim e Loureiro, no concelho do Peso da Régua, donde é natural.

Naturalmente, a maior parte dessas canções tem como temática as vindimas, em que participava sazonalmente uma abrangente mão-de-obra (homens, mulheres e rapazes das cestas) rogada nos arredores serranos.

A grande quantidade de cantigas da vinha motiva neste website uma amostragem privilegiada, distribuída por quatro grupos.

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EXEMPLOS

A minha saia velhinha (GCAD I, 52) [Recolha e Harm Altino M Cardoso]

Ela: Ai, num olhes para mim
Ai, num olhes tanto, tanto!
Ai, num olhes para mim,
Que eu num sou o teu incanto!
Refrão
A minha saia belhinha
Toda rotinha de tanto bailare
Agora tenho uma noba
Feita na moda pra istriare.
Ele: Ai num olhes para mim,
Ai num olhes, ó baidosa!
Ai, num olhes para mim,
Que num és nenhuma rosa!
Ela: Ai num olhes para mim,
Ai num olhes por fabore!
Ai num olhes para mim,
Que eu num sou o teu amore!
Ele: Ai num olhes para mim,
Ai co’ essa cara torta,
Ai num olhes para mim,
Bai bater a oitra porta!

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Eu gosto de ti  (GCAD I, 207)  [Recolha e harmonia de AMC]

– Ó meu amor, não me deixes, ai,
Não saias da minha beira,
Eu quero casar contigo, ai,
Não quero ficar solteira!
Refrão: Eu gosto de ti,
Tu de mim não gostas,
Eu olho pra ti,
Tu viras-me as costas…
– O meu amor é padeiro, ai,
Traz a cara enfarinhada,
Seus beijos sabem a pão, ai,
Não quero comer mais nada!
– O meu amor é tão lindo, ai,
Ganhei-o na romaria:
– Dei-lhe logo o coração
Pois disse que me queria…
– Nos braços do meu amor, ai,
Na romaria dancei,
Nas voltas de uma rodinha, ai,
Meu coração lhe entreguei…

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Eu não te quero (GCAD I, 211)  [Recolha e Harm AMC]

– Eu não te quero,
tu não me serves;
eu não te quero,
já te tinha dito, (bis)
eu não te quero
para meu noivo,
tenho outro,
tenho outro,
mais bonito! (bis)
– Aquela moça,
que anda no meio,
tem quinze anos,
já se quer casar!
Ande a roda,
desande a roda,
escolha o par,
escolha o par
que lhe agradar!…

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Eu no minério (GCAD I, 212)  [Recolha e Harm AMC]

– Eu no minério
trabalhaba… trabalhaba…
todos ganhabam,
só eu num ganhaba nada! (bis)
– Ó minha mãe deixe, deixe,
ó minha mãe, deixe-me ire!
deixe-me ir para o minério
eu bou e torno a bire!

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Ciranda (GCAD I, 152)  [Recolha e Harm AMC]

Ó ciranda, ó cirandinha,
vamos todos cirandar,
vamos dar mais meia volta,
meia volta e troca o par!
Dona Chica, Dona Chica,
faz favor de entrar agora:
cante lá um lindo verso,
diga adeus e vá-se embora!
Diga adeus e vá-se embora
que eu fico pra bailar:
quero dar mais meia volta
com o meu querido par.
Outra versão da letra:
Ó Ciranda, ó Cirandinha,
vamos nós a cirandar:
na ramada das videiras
anda a ciranda no ar.
Anda a ciranda no ar,
anda a ciranda no chão:
ó Ciranda, ó Cirandinha,
amor do meu coração.
Amor do meu coração,
não há palavra mais doce;
quer tu me queiras, quer não,
gosto de ti, acabou-se!

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Eu por ti suspiro  (GCAD I, 213)  [Recolha e Harm AMC]

Não há pão como o de trigo (bis)
Nem luar como em Janeiro
Não há sol como o de Maio (bis)
Nem amor como o primeiro!
Refrão:
Eu por ti suspiro,
eu por ti dou ais,
eu por ti não posso
suspirar já mais!
Num há roixo como o lírio, (bis)
nem berde como o loreiro,
nem brumelho cumo o crabo, (bis)
nem amor cumo o primeiro!

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Vem à janela  (GCAD I, 590)  [Recolha e Harm AMC]

Ele: Ó bela, vem à janela,
Há dias que te não vi!… (bis)
Venho saber da resposta
Da carta que te escrevi… (bis)
Ela: A carta que me escrevestes
Meu pai me ficou com ela…
e eu morro de paixão
se não sei o que vem nela!
(…)
Se eu dormia com a bela,
toda a gente lo sabia:
pois eu dormia com ela
porque a mãe o consentia!

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Vou pró Brasil  (GCAD I, 611)  [Recolha e Harm AMC]

– Bou pró Brasile, linda morana,
num é pra ganhar dinheiro,
linda morana, morana linda, ó ai. (bis)
É pra que digam nas moças, linda morana,
Biba o senhor brasileiro!
linda morana, morana linda, ó ai.
– Bou pró Brasile, linda morana,
mas num bou por munto tampo,
linda morana, morana linda, ó ai.
os teus olhos bão comigo, linda morana,
num me sais do pansamanto,
linda morana, morana linda, ó ai.
– Bou pró Brasile, linda morana,
Minha bontade é ficare,
linda morana, morana linda, ó ai.
bou no primeiro bapore, linda morana,
contigo quero falare,
linda morana, morana linda, ó ai.
– Bou pró Brasile, linda morana,
o meu peito bai com dore,
linda morana, morana linda, ó ai.
heide bir casar contigo, linda morana,
há-des ser o meu amore,
linda morana, morana linda, ó ai.

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Caninha verde do Marão  (GCAD II, 1135)  [Recolha e Harm AMC]

(Depois da introdução musical:)
Caninha verde
Ai, do Marão
Linda cara lindos olhos
eu dou-te o meu coração
ó i ó ai
…meu coração
ó minha caninha verde
ó Senhora do Marão!
(…)
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