CANÇÕES Antigas do Zeca

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CANÇÕES (ANTIGAS) DO ZECA AFONSO

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Fui um grande ‘consumidor’ das músicas do Zeca – sobretudo as da sua pureza inicial, antes de certos ventos direccionados começarem a soprar-lhe ao ouvido.

Convivi com ele na TAUC (Tuna Académica da Universidade de Coimbra).

Ele já tinha deixado há bastante tempo a Universidade, para as lutas da vida, mas ainda ia connosco a vários concertos, eventos e viagens, como convidado para os fados da tradicional Serenata do final das actuações, a seguir aos Tangos.

E recordo o último encontro, mais tarde, durante as minhas Pedagógicas da nossa Faculdade de Letras, mas já a leccionar no Colégio de Porto de Mós. Propus trazer o Zeca de Coimbra para cantar na inauguração oficial do Colégio.

Organizei um grupinho coral com canções em várias línguas e no fim o HINO DO COLÉGIO DE PORTO DE MÓS.

Este HINO também foi tocado pelos alunos da Escola actual na inauguração da Estátua do Fundador do Colégio: o Dr Manuel Oliveira Perpétua.

O Zeca, na sua generosidade franciscana, aceitou. E valeu a pena, pois ainda hoje me comovo com os aplausos que lhe foram prestados por aquele ginásio a abarrotar de gente portomosense, perante a sua Música de melodia simples, directa e profunda, cuja verdade nunca mais se esquece.

 

Foi nessa altura que, durante a viagem, lhe confidencie que iria seleccionar algumas das suas músicas e dar-lhe uma harmonização a meu gosto, de preferência diferente da habitual viola e guitarra; ele achou muito boa a minha ideia, pois é bom divulgar e homenagear um autor através de formas diversificadas e criativas.

Mas apenas agora, muitos anos depois, posso tecnicamente mostrar aceitavelmente alguns resultados desse projecto, grato por a sua Música trazer aos meus receptores a memória saudosa dos bons velhos tempos de Coimbra e da nossa Tuna. Sim: mesmo quem nunca viveu em Coimbra:
Coimbra, terra de encanto,
fundo mistério é o seu:
Chega a ter saudades dela
quem nunca nela viveu…

Claro que há muita diferença sonora e rítmica entre essa música timbrada pela sua voz (de um estilo e personalidade ímpares) e estes arranjos electrónicos de máquina, com ritmos matemáticos, sem hipótese de respeitar as inúmeras nuances da flexibilidade que o estilo do Cantor lhe dava…

Em Coimbra, é sobretudo pela Música que se pode dizer que Saudade rima com Eternidade.

 

EXEMPLOS

Saudades de Coimbra (Zeca Afonso | Harm Altino M Cardoso)

Oh Coimbra do Mondego
E dos amores que eu lá tive: (bis)
Quem te não viu anda cego,
Quem te não ama não vive! (bis)

Do Choupal até à Lapa
Foi Coimbra meus amores (bis)
A sombra da minha capa
Deu no chão abriu em flores… (bis)
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Menino d’oiro   (Zeca Afonso | Harm Altino M Cardoso

O meu menino é d’oiro
É de oiro fino
Não façam caso que é pequenino (bis)
O meu menino é d’oiro
D’oiro fagueiro
Hei-de levá-lo no meu veleiro.(bis)

Venham aves do céu
Pousar de mansinho
Por sobre os ombros do meu menino
Do meu menino, do meu menino (bis)
Venham comigo venham
Que eu não vou só
Levo o menino no meu trenó. (bis)

Quantos sonhos ligeiros
pra teu sossego
Menino avaro não tenhas medo (bis)
Onde fores no teu sonho
Quero ir contigo
Menino de oiro sou teu amigo (bis)

Venham altas montanhas
Ventos do mar
Que o meu menino Nasceu pra amar (bis)
Venha comigo venham
Que eu não vou só
Levo o menino no meu trenó. (bis)

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Canção de embalar  (Zeca Afonso | Harm Altino M Cardoso)

Dorme meu menino a estrela d’alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será p’ra ti (bis)

Ó-ó ó ó ó ó ó ó ó ó ó ó ó

Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar

Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d’alva o seu fulgor

Perde a estrela d’alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme qu’inda a noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer

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Vira de Coimbra  (Zeca Afonso (adapt)| Harm Altino M Cardoso)

Dizem que amor de estudante
Não dura mais que uma hora
Só o meu é tão velhinho
Inda se não foi embora.

Coimbra pra ser Coimbra
Três coisas há-de contar
Guitarras, tricanas lindas,
Capas negras a adejar…

Ó Portugal trovador
Ó Portugal das cantigas
A dançar tu dás a roda
A roda co’as raparigas

Tristezas têm-nas os montes,
Tristezas têm-nas o Céu,
Tristezas têm-nas as fontes,
Tristezas tenho-as eu!

O choupo magro e velhinho,
Corcundinha, todo aos nós,
És tal qual meu Avôzinho:
Falta-te apenas a voz.

A sereia é muito arisca,
Pescador, que estás ao Sol:
Não cai, tolinho, a essa isca …
Só pondo uma flor no anzol!

A Lua é a hóstia branquinha,
Onde está Nosso Senhor:
É duma certa farinha
Que não apanha bolor.

Meninas, lindas meninas !
Qual de vós é o meu ideal ?
Meninas, lindas meninas
Do Reino de Portugal !

Minha capa vos acoite,
Que é p’ra vos agasalhar;
Se por fora é cor de noite,
Por dentro é cor do luar …

Vou encher a bilha e trago-a
Vazia como a levei !
Mondego, que é da tua água
Que é dos prantos que chorei?

Ó quem me dera abraçar-te,
Contra o peito assim, assim,
Levar-me a morte e levar-te
Toda abraçadinha a mim.

A cabra da velha Torre,
Meu amor, chama por mim;
Quando um estudante morre,
Os sinos chamam, assim…

Ó sinos de Santa Clara,
Por quem dobrais, quem morreu ?
Ah, foi-se a mais linda cara
Que houve debaixo do Céu!

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Menina dos olhos tristes (Zeca Afonso | Harm Altino M Cardoso)

Menina dos olhos tristes
O que tanto a faz chorar?
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar…

Vamos senhor pensativo,
Olhe o cachimbo a apagar…
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar…

BF — — —

Senhora de olhos cansados,
Porque a fatiga o tear?
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar…

Anda bem triste um amigo!
Uma carta o fez chorar…
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar…

A lua, que é viajante,
É que nos pode informar:
– O soldadinho já volta
Do outro lado do mar…

O soldadinho já volta,
Está quase mesmo a chegar,
Vem numa caixa de pinho…
– Desta vez o soldadinho
Nunca mais se faz ao mar.

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Balada do Outono  (Zeca Afonso | Harm Altino M Cardoso)

Águas passadas do rio
Meu sono vazio
Não vão acordar!
Águas das fontes, calai
Ó ribeiras, chorai…
Que eu não volto a cantar!

Refrão:

Rios que vão para o mar
Deixem meus olhos secar…
Águas das fontes calai
Ó ribeiras chorai…
Que eu não volto a cantar! (bis)

Águas do rio correndo
Poentes morrendo
Prás bandas do mar…
Águas das fontes calai,
Ó ribeiras chorai…
Que eu não volto a cantar!

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Os Vampiros (Zeca Afonso | Harm Altino M Cardoso)

No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas p’la noite calada
Vêm em bandos com pés de veludo
Chupar o sangue fresco da manada.
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo! eles comem tudo!
Eles comem tudo e não deixam nada! [bis]
A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas
São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei
Eles comem tudo! eles comem tudo!
Eles comem tudo e não deixam nada! (bis)
No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhe franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo! eles comem tudo!
Eles comem tudo e não deixam nada! (bis)
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HINO DO COLÉGIO DE PORTO DE MÓS (Letra e Música: Altino M Cardoso)

O trabalho é o nosso Norte,
O estudo a nossa Vida,
Que uma Juventude forte
Vale a pena ser vivida!
Aos inúteis e mesquinhos
Dizemos com decisão:
“Não queremos tais caminhos,
Não e não!”
Refrão:
Nós queremos de um querer infinito,
Que não cabe em uma canção, só num grito!
O Futuro é de Esperança e não se teme:
(CPM) CêPêEme! CêPêEme!… (bis)

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