O CALDINHO de Pedra [contos pop musicados]

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O CALDINHO DE PEDRA
& MAIS 20 TEATRINHOS (OPERETAS)

– Contos tradicionais musicados e dramatizados.

O projecto idealizado que se propõe consiste em transformar em versos musicáveis e dialogados contos tradicionais escolhidos pedagogicamente (vinte e um neste 1º volume, a continuar) e adaptá-los ao palco escolar da sala de aula.

Assim, as historinhas permitem interpretações abertas e interactivas, pois a própria narração musical está segmentada em secções, que podem ser cantadas, dançadas, representadas, mimadas…

Cada ‘opereta’ foi estruturada em módulos, ou secções numeradas, que podem ser retomadas (e até adaptadas a gosto), em sincronia áudio-visual e até coreográfica com o desenrolar do enredo.

Torna-se muito útil nas salas de aula, ao vivo e até de improviso, com cenários e apetrechos construídos pelos próprios alunos, desde a pré-primária. É até possível fazer adaptações a gosto.

Observação: A sincronização entre estas secções ou módulos está incluída na pauta e na letra. Devido a limites técnicos do site (2 MB) a transcrição em Mp3 do som apresentado não contém todas as repetições – pelo que é essencial a atenção aos módulos, marcados à margem com maiúsculas (A,B,C….)

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EXEMPLOS

O soldadinho de chumbo (Música e adapt Letra – Altino M Cardoso)

O SOLDADINHO DE CHUMBO

O Paulo fez anos
e os seus amiguinhos
oferecem-lhe prendas
dão-lhe soldadinhos,
e uma bailarina
e um boneco de mola;
mas um soldadinho
a jogar à bola
partiu um pezinho…

Um dia o Paulinho
vai brincar lá fora
junto do regato
que dá para a nora;
cai o soldadinho
à água e lá vai…
cai num grande rio,
vai ter ao mar alto
não mais de lá sai…

Um peixe esfomeado
engoliu o soldado!

Por uma traineira
mais tarde é pescado…
e a cozinheira
comprou no mercado
um dia o peixinho
que tinha lá dentro
esse soldadinho…

O Paulo juntou-o
com a bailarina
ao pé de um boneco
de mola maligna…

Tão perto da moça
de sua afeição,
um dia o soldado,
muito apaixonado,
fez declaração.

Iriam casar
e ser muito felizes,
ter uma casinha
com muitos petizes!

Ciumento, o boneco,
dessa felicidade,
pensou, desde logo,
estragar o noivado,
fazer-lhes maldade!

Chegando-se a jeito,
dá grande empurrão
e o soldadinho
caíu no fogão!

Quando a bailarina
lhe vai dar a mão,
o boneco empurra-a
também para o carvão
e ela vai morrer!

***

No dia seguinte
o Paulinho acordou
e dentro da cinza
o que é que encontrou?

Os dois corações
bem unidos pela sorte,
colados em chumbo,
juntinhos para sempre
no amor e na morte…

É este o romance
do bom soldadinho
e da bailarina!

…Se não acreditas,
pergunta ao Paulinho!

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A raposa e o mocho (Música e adapt Letra – Altino M Cardoso)

A RAPOSA E O MOCHO

O nosso compadre Mocho
estava na pedrinha ao sol
a falar com D. Carocho
que compunha um guarda-sol.

A Raposa andava à caça
e só formigas arranja:
lamenta a sua desgraça,
pois não pode comer canja…

Pé ante pé,
ela aí vai…
muito agachada,
ela aí vai…
Compadre Mocho
não dá por nada…
não dá por nada…
… e é apanhado!…

Já na boca da Raposa
o mochinho lhe pedia
morte menos dolorosa
se dissesse que o comia:

— Mocho comi!!
– diz mais alto!
— Mocho comi!!!
– diz mais alto!
— Mocho comi!!!!!!!

Que aflição tinha o mochinho
lá na boca abafadinho!
mas de pedir não se cansa,
pois há sempre uma esperança…

— Diz a todos os vizinhos
que és a minha caçadora
para saberem os bichinhos
que me vais comer agora!…

— Mocho comi!!
– diz mais alto!
— Mocho comi!!!
– diz mais alto!
— Mocho comi!!!!!!!

– Outro comerás, menos a mim!
Outro comerás, menos a mim!
Menos a mim!
Menos a mim!!!!!

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O caldinho de pedra (Música e adapt Letra – Altino M Cardoso)

O CALDINHO DE PEDRA

Módulo A
(Canto-narrativo)
Uma ocasião,
Um frade antigo
Nem um tostão
Leva consigo;
Não sei o nome,
Sei de memória
Que tinha fome…
Diz a história.

Ao ver a horta
De verde cor
Que havia à porta
De um lavrador,
Pediu então
Um bom caldinho…
… Disseram não
Ao bom fradinho!

A fome aperta
E o fradinho
Pessoa esperta…
Lá no caminho
Vai apanhar
Uma pedrinha
Que lhe convinha
Para os fintar.

Módulo B:
(Ingredientes do caldo)
Vou ver se faço um caldinho de pedra…
Ai que fominha! ai que fominha!

A
Todos ficaram
A rir, a rir…
Nunca toparam
O que ia vir!

B1
Se me emprestassem aí
Um pucarinho…

A
Tudo lhe deram:
Uma panela
E uma tijela
Um pouco de unto
E sal puseram
E até presunto
Boa hortaliça
E até chouriça!

B2
Agora se me deixassem estar
A panelinha ao pé das brasas…

A
Tudo lhe deram……….

B3
Com um bocadinho de unto
É que o caldo ficava um primor…

A
Tudo lhe deram………

B4
Está um bocadinho insosso…
bem precisava de uma pedrinha de sal…

A
Tudo lhe deram……….

B5
Agora, com uns olhinhos de couve
é que ficava que os anjos o comeriam…

A
Tudo lhe deram……….

B6

Ai, um naquinho de chouriço
é que lhe dava uma graça!…

A
Tudo lhe deram……….

B7
– Ó senhor frade, então a pedra?
– A pedra… lavo-a e levo-a comigo para outra vez.

A
Comeu, comeu,
Regaladinho,
Caíu do céu
Esse caldinho!

– Ó senhor frade:
E a pedra, agora?
– Como-a mais tarde!
Não deito fora!

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O João e a Maria (Música e adapt Letra – Altino M Cardoso)

O JOÃO E A MARIA

1. Era bem pobrezinha
essa casinha
onde viviam
Maria e João…

Era esse o seu nome
passavam fome,
passavam frio
e não tinham pão…

Foram para a floresta
apanhar fruta,
mas lá,
já nada resta
na selva bruta.

Maria adormece…
a fome esquece…

2. Chega
a noite escura;
um passarinho
vem de mansinho
falar de fartura…
andam, seguem atrás,
já tanto faz,
se estão perdidos,
se vão iludidos…

Chegam
a uma casinha
de chocolate.
Vendo
tal comidinha,
o coração bate!

É só escolher
para comer!

3. Abre-se
então a porta:
vem espreitar
uma velha torta
que os manda entrar…

Prende logo o menino
tão pequenino,
para engordar,
para trabalhar…

Chora, Maria chora,
chora coitada!
Tanto
trabalho e pranto,
talvez para nada!

Vamos pensar
como o salvar.

4. Prende
a velha má!
Empurra-a bem
para o alçapão!
… Pronto! Já está!

Solta
depois João…

… E há um tesouro
para dar à mãe!

Chega
ao lago um cisne
que os transporta;
aí vão eles
agarradinhos
por sobre a asa,
até à porta
de sua casa.

5. Era bem bonitinha
essa casinha
onde viviam
Maria e João.

Era esse o seu nome
Findou a fome!
Findou o frio!
Já têm pão!!

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A carochinha (Música e adapt Letra – Altino M Cardoso)

A CAROCHINHA

Módulo A
Era uma vez a linda Carochinha
achou uma moeda ao varrer a cozinha;
pôs-se à janela
a dizer a toda a gente
que era muito inteligente,
que era muito bonitinha.

B
Passou o cão,
que se pôs logo a ladrar (imit.):
— Ó carochinha, tu comigo queres casar?

C
E a carochinha
ficou toda encarnadinha,
fugiu logo prá cozinha,
não quis mais ouvir ladrar…

A
B e C (podem adaptar-se outros animais)

B
Passou o rato,
que se pôs logo a chiar (imit.):
— Ó carochinha, tu comigo queres casar?

C
E a carochinha
ficou toda encarnadinha,
já não fugiu prá cozinha
e deu-lhe a mão a beijar…

A
Que linda noiva, e que lindo noivo tem!
Que linda igrejinha
onde para casar vem!

O Joãozinho,
que era giro, mas guloso,
já estava desejoso
de ir comer o almocinho!…

C
E a Carochinha
ficou noiva e sozinha,
a chorar na igrejinha,
muito triste e infeliz…

O Joãozinho
foi ao cheiro do almocinho,
ao saltar sobre um tachinho,
não caíu… foi por um triz!…

A1
Até que enfim,
o Joãozinho a regressar
e a jurar junto ao altar
ser fiel ao seu amor!

B
Tocam os sinos
e os meninos lançam flores:
– Felicidades
aos dois queridos amores!…

C
E a Carochinha
ia toda encarnadinha,
muito bem agarradinha
ao seu querido maridinho…

E
E acabou este lindo romancinho!…

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Branca de neve e os 7 anões (Música e adapt Letra – Altino M Cardoso)

BRANCA DE NEVE E OS 7 ANÕES

MÓDULO – Recitativo A

A Rainha chamou Branca de Neve à sua bebé.
Alguns anos depois, a costurar, a rainha picou-se com uma agulha, a mão infectou e ela morreu.
A menina chorou muito, muito, pela sua mamã!
O rei, seu pai, agora viúvo, também chorou muito por ela e decretou um mês inteiro de luto nacional.

A (Módulo canção)
E quando a sua mãe morreu
Branca de Neve só chorava,
À noite olhava para o céu
E a mãe que Deus lhe deu
Nunca mais a chamava…

A menina já só queria
Mais uma vez ver a mamã
Em sonhos podia vê-la:
Via-a numa estrela
Até ser de manhã…

MÓDULO – Recitativo B

Entretanto, um dia, o rei viúvo, seu pai, conheceu uma princesa muito bonita e casou com ela, pedindo-lhe que cuidasse bem da sua filha, que tinha ficado sozinha e orfãzinha.
A madrasta era muito vaidosa, passava a vida a mirar-se ao espelho!
Mas lá ia tratando da menina sua enteada.

(Módulo canto)

Rainha – Espelho meu,
Diz-me lá agora:
Há alguém no mundo
Mais linda que eu?
Espelho – Há, sim, senhora…
Rainha – Por minha vida,
Quem é a atrevida?

MÓDULO – Recitativo C

O espelho disse-lhe que a mulher mais bonita do mundo não era ela mas… a Branca de Neve!
Então ficou com uma enorme inveja à sua enteada!
E ficou a odiá-la de morte!

Entretanto o rei morreu numa batalha e a menina ficou completamente sujeita à madrasta!
A madrasta, além de invejosa, era muito violenta e má: batia à enteada, deixava-a passar fome, fechava-a numa masmorra do castelo onde havia cobras…
Às vezes mostrava-lhe até uma grande faca! e dizia que a matava!
A menina corria perigo de vida e teve de fugir.
Fugiu para a floresta, andou… andou… até que ao longe avistou uma casinha branca.
Nessa casinha viviam sete irmãos, que eram anões.

A (Módulo canto)
Mas, depois de muito chorar,
Branquinha foge prá floresta
Leva só o vestidinho
E um chapeuzinho:
Nada mais lhe resta…

Lá ao longe há uma casinha
E é para lá que ela vai.
E arranja as sete caminhas…
Lareira e brasinhas
Donde o fumo sai.

MÓDULO – Recitativo D

A Branca de Neve não sabia se quem lá morava era gente boa ou gente má… estava aflitíssima!

A (Módulo canto)
À noite ouve uma canção
E um coro entra no portal…
Esconde-se… ela tem medo
Mas entende cedo
Que ninguém faz mal.

Ao verem tudo arranjado…
Varrido… a comida ao lume…
Parece aos sete anõezinhos
Que há nos seus bercinhos
Rosas e perfume!

MÓDULO – Recitativo E

Os sete anões irmãos trabalhavam todos os dias na exploração de uma mina de diamantes e só chegavam a casa à noitinha.
Os anõezinhos adoraram logo a menina, mesmo sem saberem quem ela era: não faziam a mínima ideia de que ela era uma princesa real.
Dão-lhe um quartinho para ela dormir, com uma janelinha, onde vão cantar os passarinhos.
De dia vão trabalhar mas à noite, com ela, conversam muito, riem e cantam belas canções.

Corria tudo muito bem!
Até que um dia alguém bate na janela e a menina vai abrir.
Era uma velhinha.
Parecia simpática pois até ofereceu uma maçã à Branca de Neve.
Quando a menina trincou a maçã envenenada caiu redonda no chão!
Afinal, a velhinha simpática era a bruxa da madrasta, que a queria matar!

B (Módulo canto)
E a princesinha
Caíu ao chão,
Ficou ali sozinha,
Adormecida…
E quando os anões chegaram
Choraram, choraram…
Julgando-a perdida…

Mas um anão
Que era bem esperto,
Quis
Vê-la melhor e mais de perto…
E logo a todos conforta:
O pulso batia,
Não estava morta!

A (Módulo canto)
Ao saberem que a bruxa má
Quis fazer mal à menininha
Os sete logo correram
Tudo remexeram
Até ser noitinha.

Junto à mina foi alcançada
E aí diria adeus ao mundo:

A rainha má, cercada
E desesperada,
Atirou-se pró fundo!

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A Cabacinha da Velhinha  (Música e adapt Letra – Altino M Cardoso)

A CABACINHA DA VELHINHA

A
Uma vez, uma vez é uma Velhinha
que precisa de passar o alto da serra:
uma filha tinha tido uma netinha
e vivia muito longe noutra terra…

A
A Velhinha queria ir ao baptizado
tinha medo de passar pró outro lado
pois o Lobo tinha fome e era mau
e ela já não lhe podia dar c’um pau…

B
E lá vai…
ai! que medo!… ai! que medo!…
Salta o Lobo lá detrás dum rochedo:
— Vou-te comer,
sua velhota atrevida!!…

A
A velhinha falou, muito encolhida:
— Senhor Lobo não me coma agora à ida,
porque à ida eu estou muito magrinha,
mas à volta já virei muito gordinha…

A
E lá foi para a festa, feliz,
comeu muito, comeu quanto quis!
De repente começou a chorar,
começou-se do Lobo a lembrar…

A
Mas a filha, que era matreira,
arranjou uma boa maneira
de a salvar dentro da cabacinha
que levava lá dentro a velhinha.

B
E lá vai… ai! que medo!…
ai! que medo!…
Salta o Lobo lá detrás de um rochedo:

D
— Diz-me lá, ó cabacinha,
se encontraste uma velhinha!!
Se encontraste uma velhinha,
diz-me lá ó cabacinha!!

D
— Não vi velha nem velhinha,
não vi velha nem velhão!
rola, rola, ó cabacinha,
rola, rola, ó cabação!…

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O Gato das Botas  (Música e adapt Letra – Altino M Cardoso)

O GATO DAS BOTAS

A

O Moleiro morreu,
o Menino está triste:
só um Gato existe
no moinho abandonado…

B

Mas o Gato falava
e disse que precisava…
(De que precisava
esse Gato que falava?)

C

— De um chapéu,
de umas botas
e de um saco,
meu Senhor!

Um chapéu para a cabeça,
umas botas para os pés
e um saco para caçar
e de negócios tratar!

São negócios com o Rei
os que o Gato anda a tramar…

— De quem são esses coelhos
tão gostosos, que me dás?
— Majestade! são do Senhor
o Marquês de Carabás!…

A princesa queria ver
esse tão gentil Marquês
dono de tantas riquezas
e de um Gato tão cortês.

Mas onde pode o Menino
roupa boa ir arranjar?
Mas o Gato – muito fino! –
diz para à água se atirar!…

O Rei vai a passar
e pára a carruagem,
dá-lhe roupa real
e diz durante a viagem:

— Senhor Marquês,
eu e a Princesa
lhe rendemos homenagem!

A Princesa sorri,
o menino sorri…

O casamento é feliz,
está feliz o Reino inteiro.

E acaba-se aqui
o que a história nos diz
do Menino
e do Gatinho
que viviam no moinho.

Adeusinho!
adeusinho!
uma festa feliz!…

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O Príncipe com Orelhas de Burro  (Música e adapt Letra – Altino M Cardoso)

O PRÍNCIPE COM ORELHAS DE BURRO

MÓDULOS:
A
Uma vez havia um Rei
(era um rei)
Que vivia desgostoso
Apesar de poderoso,
(poderoso)
Ainda não tinha um filho….
…era um grande sarilho! (bis)

Mandou chamar as três Fadas
(três Fadas)
Que viviam na floresta
Uma era a Bonitona,
(Bonitona)
Outra era a Sabichona
E a mais nova era a Modesta.
(e a mais nova era a Modesta).

Quando o Principe nasceu
(já nasceu)
As Fadas foram fadá-lo,
E cada uma o benzeu
(o benzeu)
Segundo queriam marcá-lo,
Pois que foram baptizá-lo.
(pois que foram baptizá-lo).

B
– Eu te fado, ó Principezinho,
Pra que sejas bonitinho.
– Eu te fado, Principezinho,
Pra que sejas sabiozinho.
Pra que sejas bonitinho.
Pra que sejas sabiozinho.

C
Mas, ai!, a terceira Fada
Disse a seguir às mais velhas:
– Eu te fado, Principezinho,
Para teres grandes orelhas.
– Eu te fado, Principezinho,
Para teres grandes orelhas.

A
O menino ia crescendo,
(crescendo)
Com as orelhas de burro;
E sempre, sempre, escondendo
(escondendo)
Ninguém sabia de nada,
Senão apanhava um murro,
Ou morria pela espada!…

Começou a ter barbinha
(barbinha)
E então o barbeiro vinha
Fazer-lhe a barba na corte
(na corte);
Mas vejam a sua sorte:
Se revelasse o segredo,
Era condenado à morte!…

Narrador:
O barbeiro andava aflito!
Aquele segredo não o deixava dormir!
Nem quase o deixava respirar!
Tinha de contar a alguém!
Mas… ai, que medo!…
Depois de muito pensar, o barbeiro resolveu ir à igreja, para se confessar.
O padre aconselhou-o a ir sozinho, de noite, sem ninguém ver, fazer um buraco fundo no chão de um canavial e, sem ninguém ouvir (Deus o livre!), desabafasse para o buraco muitas vezes:
– «Príncipe com orelhas de burro!
Príncipe com orelhas de burro!».

O barbeiro assim fez.
Entrou num canavial, fez lá um buraco no chão, no meio das canas e disse milhões de vezes ao buraco:
“Príncipe com orelhas de burro!
Príncipe com orelhas de burro!”

Demorou uma noite inteirinha!
Mas saíu do canavial aliviado!

Canto:

D
O barbeiro, ao desabafar,
Já podia respirar…

 

Mas as flautas dos pastores
Sem ninguém as castigar,
Sem ninguém lhes dar um murro,
Diziam sem se calar:
“O príncipe tem orelhas de burro!”

A
São as Fadas convocadas
(as fadas)
Para tirar a maldição
Das orelhas malfadadas
(malfadadas):
A mais nova só então
O feitiço retirou
E o Príncipe curou!…

Fala:
E eu só não sei (e nem a História reza)
Se lhe arranjou também uma Princesa!…

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O Grão de Milho  (Música e adapt Letra – Altino M Cardoso)

O GRÃO DE MILHO

Um casal de lavradores
Vivia em grande tristeza
Porque gostariam muito
Ter uma criança à mesa.

Rezando a Nossa Senhora
A mulher pediu um filho
Ainda que fosse pequeno
Tamanho de um grão de milho.

Refrão:
Eu sou fã do Grão-de-milho (4 vezes)

Chamaram-lhe Grão-de-milho
E em qualquer canto cabia,
Levava o almoço ao pai
Mas quase ninguém o via.

E foi mesmo que por isso
Um boi o foi engolir…
O pai ouvindo os seus gritos
Logo lhe foi acudir!

Refrão: eu sou fã (etc.)

Tirou as tripas ao boi
Para ver se o encontrava,
Procurou-o sem descanso
E como a noite chegava,

Meteu as tripas num balde.
Veio um lobo e as devorou;
Mas c’o Grão-de-milho aos saltos
Por certo que não gostou!

Refrão: eu sou fã (etc.)

Tantos saltos ele deu!
Meteu o lobo em sarilhos
E ficou tão enjoado
Vomitou o grão de milho!

Lavou-se de madrugada
Numas gotinhas de orvalho
E logo pela manhã
Estava fino como um alho!

Refrão: eu sou fã (etc.)

Encontrou uns almocreves
Com os burros de passagem
E pediu para ir com eles
E lá prosseguiu viagem.

Já no meio da floresta
Assaltam-nos os ladrões,
Pois os burros carregavam
Muitos e muitos milhões.

Refrão: eu sou fã (etc.)

Roubam tudo os malfeitores
Levam tudo com presteza
P’ra uma cabana escondida
P’ra repartir a riqueza.

Grão de milho está escondido
Dentro de um saco com arte
E começou a gritar:
Também quero a minha parte!

Refrão: eu sou fã (etc.)

Os ladrões, cheios de medo,
Largam logo ali o ouro,
Ficando assim Grão-de-milho
Sozinho com o tesouro!

Guiou os burros então
Para casa dos seus pais
E cantava de alegria
– Eu perdê-los?! nunca mais!…

Refrão: eu sou fã (etc.)

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Dom Caio, mata sete  (Música e adapt Letra – Altino M Cardoso)

DOM CAIO MATA SETE

Módulos:
A
Era um alfaiate
Tinha uma oficina tosca
E uma vida pequenina
Sem fazer mal a uma mosca
Mas num belo Verão
Irritou-se tanto
Pois viu com espanto
Mil moscas na oficina.

Ficou irritado
E muito mal humorado
E com uma cara de mau
E correu muito atrás delas
Com duas chinelas
E uma colher de pau!
Bateu, furioso!
Espalhafatoso!

B
Pra trás e prá frente,
Zangado e insistente…
Grande frenesim
Pra matar sete ao fim!
Deu-lhe muito gozo!

C
Eu cá mato sete!
Eu cá mato sete!
Eu cá mato sete!
Eu cá mato sete!
E sete de uma vez!….

Narrador:
Como ele se gabava de que era um valentão, o rei mandou-o ficar à frente dos seus exércitos, numa batalha.
O alfaiate (que nem andar a cavalo sabia) ia aflito em cima do corcel, a gritar repetidamente:
– Eu caio! Eu caio! Eu caio!
E com isso assustou os inimigos.

D
(Rei):
– É verdade que matas sete,
que matas sete?
Se não é verdade,
vais-te arrepender!
Vais morrer!

C
Eu cá mato sete
Etc.

A
Ora o rei, então,
Mandou darem-lhe o cavalo
Do seu grande Capitão
Entretanto falecido
E o alfaiate
Dá um grito repetido:
Eu caio! caio!, caio!,
Caio!, caio!, caio!, caio!….

E
– Eu caio! Eu caio! Eu caio!
Eu caio!, caio!, caio!…

B
Pra trás e prá frente,
O cavalo corria,
E quando o rei olhou
Ficou todo contente:
O inimigo fugia!…

D
É verdade que és valente,
Muito valente!
E a tua mente
É um sol que brilha!

Anda cá
Vais casar com a minha filha,
Única filha!

E sereis felizes
Com muitos petizes!
Para sempre!

_________________________

Frei João Sem-Cuidados  (Música e adapt Letra – Altino M Cardoso)

FREI JOÃO SEM-CUIDADOS

O Frei João Sem Cuidados
Nunca nunca se afligia
E no mundo complicado
A sorrir ele vivia.

Tinha sempre bom humor
E todos ele ajudava
Estava sempre feliz
E nenhum mal lhe chegava.

Refrão:
Frei João! Frei João!
Frei João Sem Cuidados, Sem Cuidados!

Chegando essa fama ao Rei
Pois o Rei tinha, afinal,
Também os mesmos problemas
Iguais a qualquer mortal…

O Rei logo fez chamar
O Frei João Sem Cuidados
Para ver se descobria
Os seus segredos guardados.
(Alguns dos truques usados)

Fala o Rei:
Vou fazer-te três perguntas;
Três respostas tens de dar:
E se tu não as souberes…
Ai! eu mando-te matar!

Ouve bem! tu ouve bem!
– Quanto a lua há-de pesar?
– O mar quanta água tem?
– O que estou eu a pensar?

Frei João fica arrasado
E ao ir dali embora
Só pensava ter chegado
A sua última hora.

Mas o moleiro, ao passar,
Diz-lhe que vai resolver:
– Vou lá eu com o seu hábito!
Eu vou ao rei responder!

Lá vai o moleiro ao paço
E, perante a realeza,
Pega em todas as perguntas
E responde com certeza.

Fala o Rei:
– Então quanto pesa a Lua?

– Sem ser a lua de mel.
A lua pesará bem
Majestade, um arrátel:
Pois que quatro quartos tem.

(risos: ahahahah)

Fala o Rei:
– Quanta água tem o mar?

– Ora, o mar pode medir-se
Estancando os rios bem:
Só assim se saberá
Toda a água que ele tem…

Fala o Rei
(já irritado):
– Mas agora… se não souberes o que é que eu penso… mando-te já matar!…

– Vós pensais neste momento
Que falais com Frei João…
Mas eu trato da farinha
Pra cozer o Vosso pão!

ESTA HISTÓRIA EM PROSA (uma versão literária escrita):

Era uma vez um Rei, que ouvia sempre falar em Frei João Sem Cuidados como um homem que não se afligia com coisa nenhuma deste mundo.
— Deixa-te estar, que eu é que te hei-de meter em trabalhos.
Mandou-o chamar à sua presença, e disse-lhe:
— Vou dar-te uma adivinha, e se dentro em três dias me não souberes responder, mando-te matar. Quero que me digas:
– Quanto pesa a lua?
– Quanta água tem o mar?
– O que é que eu penso?
Frei João Sem Cuidados saiu do palácio bastante atrapalhado, pensando na resposta que havia de dar àquelas perguntas. O seu moleiro encontrou-o no caminho, e lá estranhou de ver Frei João Sem Cuidados, de cabeça baixa e macambúzio.
— Olá, senhor Frei João Sem Cuidados, então o que é isso, que o vejo tão triste?
— É que o rei disse-me que me mandava matar, se dentro em três dias eu lhe não respondesse a estas perguntas: — Quanto pesa a lua? Quanta água tem o mar? E o que é que ele pensa?
O moleiro pôs-se a rir, e disse-lhe que não tivesse cuidado, que lhe emprestasse o hábito de frade, que ele iria disfarçado e havia de dar boas respostas ao rei.
Passados os três dias, o moleiro vestido de frade, foi pedir audiência ao rei. O rei perguntou-lhe:
— Então, quanto pesa a lua?
— Saberá vossa majestade que não pode pesar mais do que um arrátel, porque todos dizem que ela tem quatro quartos.
— É verdade. E agora: Quanta água tem o mar?
Respondeu o moleiro:
— Isso é muito fácil de saber; mas como vossa majestade só quis saber da água do mar, é preciso que primeiro mande tapar todos os rios, porque sem isso nada feito.
O rei achou bem respondido; mas zangado por ver que Frei João se escapava das dificuldades, tornou:
— Agora, se não souberes o que é que eu penso, mando-te matar!
O moleiro respondeu:
— Ora, Vossa Majestade pensa que está a falar com Frei João Sem Cuidados, mas está mas é a falar com o seu moleiro, que fornece a farinha para o pão real.
Desapertou o hábito de frade e o rei ficou pasmado com a esperteza do ladino.

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